MP confirma reunião para investigar ação policial que terminou com 26 mortos em Varginha

Por Jornalista Alair de Almeida, Diretor e Editor do Jornal Região Sul em 02/11/2021 às 21:43:04
Primeiro encontro presencial foi confirmado pelo promotor Igor Serrano. Reunião ocorre na manhã desta quarta-feira (3) em Varginha (MG). Parte do armamento utilizados pelos suspeitos de integrar quadrilha de roubos a bancos que foram mortos em Varginha (MG)

Franco Junior/g1

O Ministério Público marcou uma reunião para a manhã desta quarta-feira (3) para investigar a operação policial que matou 26 suspeitos de integrar quadrilha de roubos a bancos em Varginha (MG).

De acordo com o promotor Igor Serrano, que é coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a reunião, que ocorre em Varginha, será o primeiro encontro presencial da comissão designada pelo Ministério Público para investigar o caso.

"Será uma reunião de trabalho dos membros do Ministério Público designados pelo procurador geral de Justiça para atuação no caso. O trabalho de investigação já teve início desde o dia dos fatos, mas amanhã [quarta-feira] ocorre a primeira reunião presencial", falou.

O procurador destacou que, neste primeiro momento, os membros da comissão não podem se aprofundar, pois também há investigações em relação à quadrilha de roubos a bancos.

Operação e confronto

A operação conjunta entre Polícia Militar, Polícia Rodoviária Federal e Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) resultou na morte de 26 suspeitos de pertencerem a uma quadrilha roubos a bancos no domingo (31) em Varginha. De acordo com a PM, os suspeitos seriam especialistas neste tipo de crime.

O que se sabe sobre a operação que deixou 26 mortos em Varginha (MG)

Segundo a Polícia Rodoviária Federal, os confrontos com os homens ocorreram em dois sítios diferentes localizados em duas saídas da cidade. Na primeira, os suspeitos atacaram as equipes da PRF e da PM, sendo que 18 criminosos morreram no local. Em uma segunda chácara, conforme a PRF, foi encontrada outra parte da quadrilha e neste local, após intensa troca de tiros, sete suspeitos morreram. A 26ª morte, do caseiro, foi confirmada só na manhã desta segunda-feira (1º).

Ao todo foram apreendidas 26 armas, dois adaptadores, 5.059 munições, 116 carregadores, capacetes à prova de balas, explosivos diversos, 12 coletes balísticos, sete rádios comunicadores, 12 galões de gasolina de 18 litros cada e quatro galões de diesel de 100 litros cada. Entre as armas, havia uma metralhadora ponto 50, além de fuzis e granadas. Pelo menos 12 veículos roubados que estavam com a quadrilha foram recuperados.

A Polícia Militar de Varginha revelou que os suspeitos haviam alugado um sítio na região do bairro rural da Flora para ficarem perto do Batalhão da PM e assim realizarem a ação.

Ainda conforme o Bope, todos os suspeitos chegaram a ser socorridos com vida, mas não resistiram. Nenhum policial ou civil ficou ferido na ação. A investigação ficará a cargo da Polícia Civil e da Polícia Federal.

Apuração sobre as mortes

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) vai investigar operação policial realizada que terminou com 26 mortos. O procurador André Ubaldino e os promotores Paula Ayres, Francisco Assis e Igor Serrano foram designados para colaborar com a procuradora de justiça titular Elaine Claro, segundo o MPMG.

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais pediu apuração sobre as mortes. A deputada Andréia de Jesus (PSOL), presidente do colegiado, questiona por que uma parte foi 'totalmente eliminada'.

Em nota, a Comissão de Direitos Humanos da Subseção da OAB Varginha informou que busca atuação integrada com a Comissão de Direitos Humanos da OAB Minas Gerais para acompanhamento de todas as investigações e demais procedimentos.

O Fórum Brasileiro de Segurança Pública também acredita que uma investigação deve ser feita para apurar a ação.

"A gente sempre lembra que o policial só é policial porque pode fazer o uso da força e essa força pode chegar a matar outra pessoa, mas isso não se faz desprovido de regras e limites, é preciso entender se nessa operação em Minas Gerais houve um abuso desse limite, ultrapassou-se esse limite para gerar 25 mortes (número foi atualizado para 26). Como eu disse, é muito raro no Brasil que uma única operação policial tenha como resultado, além da grande apreensão de armas, a frustração de um crime como assalto a bancos como vem acontecendo Brasil afora, o resultado de 25 mortes (atualizado para 26). É preciso esforço do Ministério Público e das corregedorias das polícias investigar se houve ou não abuso ou houve ou não letalidade policial", disse o membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Ivan Marques.

Fonte: G1 Sul de Minas e MP

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