5G Long Range pretende conectar áreas remotas e aumentar produtividade no campo

Por Jornalista Alair de Almeida, Diretor e Editor do Jornal Região Sul em 30/11/2021 às 12:16:48
Desenvolvida pelo Inatel, a tecnologia prevê a utilização da última geração de internet para apresentar soluções aos produtores que são prejudicados pela falta de conectividade Recentemente, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) realizou o primeiro leilão para o 5G móvel, previsto para chegar ao Brasil em 2022, começando pelas grandes cidades. Mas, enquanto discute-se a utilização da última geração da internet, áreas remotas do país, principalmente as rurais, ainda sofrem os impactos negativos de pouca ou nenhuma conectividade.

Com o objetivo de solucionar esse problema e garantir que os agricultores possam se beneficiar das tecnologias disponíveis para a otimização das produções, o Instituto Nacional de Telecomunicações – Inatel desenvolve nos últimos anos uma modalidade do 5G nomeada "5G Long Range", que tem a proposta de conectar as áreas rurais remotas e aproximar o campo da realidade vivida nos grandes centros urbanos.

Crédito: Divulgação/Ascom Inatel

"Existe uma lacuna de conectividade muito grande no campo. Ou seja, o maquinário, a tecnologia de produção está disponível e preparada para a conectividade, mas essa conexão não é levada até as fazendas. Com o 5G Long Range, conseguiremos 50km de alcance, o que permitirá resolver os problemas das propriedades rurais, sejam elas grandes ou pequenas", explica o professor José Marcos Câmara Brito, secretário-geral do 5G no Brasil e pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação do Inatel.

Segundo ele, a partir do momento em que o uso da tecnologia se tornar massivo e economicamente acessível a todos, haverá um ganho de produtividade muito grande.

"E na medida em que houver mais sistemas autônomos disponíveis, que consigam gerenciar questões como microclima e tratamento do solo de maneira mais individualizada, ficará muito mais fácil suprir a demanda mundial por alimento".

Soluções conectadas

A presença de um canal eficiente de conexão nas áreas rurais possibilitará a aplicação de soluções efetivas para a otimização das produções, como aponta o professor doutor Luciano Leonel Mendes, coordenador do Centro de Referência em Radiocomunicações do Inatel.

Crédito: Divulgação/Ascom Inatel

"Temos vários exemplos do que o 5G de longa distância poderá proporcionar em áreas remotas, como o uso de drones na agricultura, permitindo detectar o ponto em que pragas estão atacando a lavoura e levar o agrotóxico só para aquele local. Com isso, garante-se que a praga será atacada de forma efetiva, usando uma quantidade mínima de veneno", explica o professor.

Outra aplicação da tecnologia desenvolvida pelo Instituto será a fim de permitir automação de ferramentas que aplicam inteligência artificial, como máquinas agrícolas, sensores de solo e até monitoramento de gado.

"Assim, conseguimos verificar, por exemplo, se um animal está doente, se comportando de maneira atípica para a sua espécie e aí atuar de forma rápida para sanar o problema. As ações passam a acontecer quando necessário e por tempo determinado. O algoritmo de inteligência artificial pode, inclusive, tomar essas decisões por contra própria", destaca Mendes.

Mas não será só a produtividade que sofrerá impactos positivos. O modelo Long Range também poderá ser usado para levar internet banda larga às pessoas que vivem em regiões remotas, construindo a ponte entre a demanda no campo e a oferta de conectividade nos centros urbanos, e promovendo, de fato, o acesso universal à internet.

Crédito: Divulgação/Ascom Inatel

Agricultura 4.0

O 5G no campo e as ferramentas autônomas se inserem em uma realidade que vem sendo conhecida como Agricultura 4.0, a qual identifica um processo de produção inteligente, em que plantio e produção são otimizados por inteligência artificial de precisão.

Nesse sentido, o sistema de irrigação de lavouras é um dos que já se beneficia com as inovações. O aplicativo Soil Tecnologia, por exemplo, foi criado para gerenciar de forma mais eficiente os irrigadores, diminuindo os custos operacionais e aumentando a produtividade.

"O mercado costuma trabalhar com funcionários que precisam ir até a central do sistema, chegando a percorrer centenas de quilômetros por dia para acionar os pivôs; isso faz com que, muitas vezes, a irrigação seja feita além do necessário, o que pesa diretamente no bolso do fazendeiro e no meio ambiente. Com a tecnologia da Soil, o agricultor consegue ficar dentro da sua sala, fazendo o monitorando, o que reduz drasticamente o consumo de energia e água", aponta Igor Mendes Pereira, sócio da Soil e ex-aluno do Inatel, destacando que, atualmente, 29% do desperdício total de água no Brasil é resultado da irrigação.

Novas possibilidades

Assim como o Inatel se dedica a desenvolver a conectividade no campo, é na instituição que novas ferramentas também surgem. Filho de cafeicultor, Vitor Alexandre Figueiredo, aluno do mestrado, acompanhou de perto a dificuldade do pai em enfrentar uma das principais pragas dos cafezais.

"Quando eu entrei no laboratório, me veio a ideia de fazer uma armadilha para a broca-do-café usando tecnologia, sendo que meu objetivo é conseguir eliminar completamente o uso de agrotóxico. Além disso, por enquanto, é apenas uma armadilha para a broca, mas, no futuro, com atualização de software e a evolução das câmeras de alta resolução, poderemos usar essa mesma armadilha em outras culturas, contra pragas que são pesadelos dos agricultores", idealiza o mestrando.

Crédito: Divulgação/Ascom Inatel

O Mestrado em Telecomunicações do Inatel possui linhas de pesquisa sobre Redes de Comunicações Móveis de Próxima Geração (5G/6G) e também em tecnologias que serão fundamentais para a implantação dessas novas redes, como a Internet das Coisas e Arquiteturas de Redes Convergentes.

Assim como Vitor, há outros alunos desenvolvendo inovações para a área rural – muitos deles, inclusive, que participaram do projeto 5G Long Range.

5G Long Range pretende conectar áreas remotas e aumentar produtividade no campo

Inatel (Instituto Nacional de Telecomunicações)

Campus: Avenida João de Camargo, 510, Centro – Santa Rita do Sapucaí (MG)

(35) 3471-9200

www.inatel.br

Fonte: G1 Sul de Minas e INATEL

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