Sindicância aponta que servidora investigada por desvio no DMAE tinha gastos de R$ 30 mil por mês, em Poços de Caldas

Por Jornalista Alair de Almeida, Diretor e Editor do Jornal Região Sul em 27/06/2022 às 21:16:39
Servidora declarou em boletim de ocorrência que havia desviado R$ 800 mil do departamento. Sindicância diz que desvio foi de mais de R$ 3,5 milhões. Servidora afastada fazia desvios no DMAE por transferências, cheques, pix e compras

A sindicância do DMAE que apontou desvio de R$ 3,5 milhões feito no departamento por uma servidora, em Poços de Caldas, destaca que a funcionária tinha gastos mensais de R$ 30 mil. A servidora de 46 anos, conforme as apurações, teria feito os desvios por transferências, cheques, pix e compras no comércio local.

"Foi averiguado uma lista imensa, de gastos imensos, em torno de R$ 30 mil por mês, que não condiziam com a realidade da servidora. Isso foi algo que chamou muito atenção nossa", destacou César Henrique Caldas da Silva, presidente da Comissão Processante da Câmara Municipal.

"Constatamos que houve desvios de compras em que a servidora fazia no comércio local, com várias lojas, vários comércios locais. Ela fazia os pagamentos direto, através de várias formas que ela tinha. Conseguimos detectar todas as compras e cruzamos todas as lojas do comércio local que forneciam para ela, recebendo do DMAE. Todos já foram convocados para se manifestar por meio de seus advogados, procuradores ou pela própria empresa. Todo esse documento foi encaminhado à Polícia Civil", falou o diretor-presidente do DMAE, Paulo César Silva.

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Alessandra Acurcio Tamburi Santana entrou no Departamento Municipal de Água e Esgoto em agosto de 2012. O cargo dela era de agente administrativo. No início, ela trabalhou no setor de tesouraria, depois passou um período pelo departamento de liquidação. Em 2016 ela voltou para a tesouraria. A sindicância interna do DMAE indicou que foi no mesmo ano que os desvios começaram a ser feitos.

"O andamento do processo de sindicância e a auditoria foram nos trazendo cada vez mais surpresas um tanto quanto desagradáveis em relação ao que vinha acontecendo. Primeiro, que era uma ocorrência que vinha acontecendo desde 2016. Esses desvios vinham acontecendo há muitos anos, o que também nos fez chegar em um volume muito maior do que aquilo que a servidora confessou no ato do boletim de ocorrência ser o valor desviado", revelou o diretor-presidente.

No ano em que os desvios começaram, Alessandra chegou a participar do concurso de servidor padrão do DMAE, mas não venceu. No ano seguinte foi eleita para participar do Conselho Municipal de Política de Remuneração do Servidor.

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Ela recebia em média R$ 3 mil mensais, conforme os últimos salários recebidos e disponíveis no portal da transparência.

Em 2019 ela chegou a prestar concurso para Analista Contábil Financeiro do DMAE, cargo que exigia formação em ciências contáveis e oferecia remuneração de R$ 3,6 mil. Ela também não foi aprovada.

Uma ex-estagiária do setor, que preferiu não se identificar, relata que em média duas vezes por semana a servidora a mandava para descontar dois ou três cheques em bancos da cidade. A estagiária voltava, então, com cerca de R$ 10 mil em dinheiro e entregava para a trabalhadora.

"Entregava em mãos. Eu pedia para ela conferir o valor ainda, achando que era para pagar fornecedores e ela mesma conferia", disse.

A ex-estagiária disse acreditar que a servidora agia sozinha.

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"Ela pedia para outros funcionários, de outros setores assinarem, alegando que não tinha ninguém lá no setor para assinar para ela, que ela precisava descontar naquele momento. Então isso virou rotina", falou.

Alessandra foi demitida por justa causa no dia 30 de maio deste ano. O relatório final da comissão do DMAE que investigou o caso sugere que seja aberto processo administrativo para investigar os demais servidores do setor financeiro e que sejam afastados os que possuem cargo de confiança. Uma supervisora já foi afastada.

"O inquérito está em trâmite e é de competência da polícia. Estamos acompanhando e ele está tramitando. O processo administrativo foi encerrado e ele conclui pela demissão por justa causa da servidora, o que já foi acatado pelo diretor-presidente. Foram vários artifícios que foram utilizados, entre eles a emissão de cheques para suposto pagamento de fornecedor, também a utilização com transações bancárias, como pix, transferências. Ela utilizou de sua função, que era dentro da contabilidade, para poder movimentar as contas bancárias da instituição", falou a procuradora-geral de Poços de Caldas, Vanessa Gavião.

A defesa da servidora informou que, por enquanto, nenhuma declaração será feita.

Fonte: G1 Sul de Minas e Polícias Civil e Militar

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