Literatura e Jornalismo: São a mesma coisa? As Obras de Ignácio de Loyola Brandão com destaque para o Livro "Zero", análise que tira esta dúvida...

Ignácio de Loyola Brandão aniversaria dia 31 de Julho e recebe as homenagens do Jornal Região Sul

Por Jornalista Alair de Almeida, Editor e Diretor do Jornal Região Sul em 27/07/2022 às 10:15:04

Literatura


e Jornalismo:


As Obras de


Ignácio


de Loyola


Brandão com


destaque para


o Livro "Zero"

Literatura e Jornalismo: O objetivo é mostrar que a Literatura e o Jornalismo têm muito em comum, e o que mais os aproximam é narrativa. Ainda hoje, no entanto, ambos se confundem, embora a Literatura se prenda mais à ficção, e o Jornalismo procura mostrar a realidade dos fatos, e a informação da forma como acontece. Para mostrar esta dualidade que se mistura, pesquisou-se entre jornalistas e escritores, aquele que mais se inseria neste contexto. E o nome escolhido foi de Ignácio de Loyola Brandão, autor de vários livros, e esta pesquisa destaca o Livro "ZERO".

A reação já começou com a desobediência civil', diz Ignácio de Loyola Brandão, autor de distopia política - 11/04/2020 - Poder - Folha

Quem é Ignácio de Loyola Brandão?

Por quê Ignácio de Loyola Brandão?

Obras de Ignácio de Loyola Brandão?

O Livro "ZERO"

Ignácio De Loyola Brandão - Zero/literatura/ebook

O que é Jornalismo?

Jornalismo é Palavra, e a palavra verbalizada é Ação. Literatura é Arte, é a palavra em Ação, descrevendo o que há de belo na Natureza Humana e na vida em si. Literatura faz o Jornalismo virar Arte, a arte da Comunicação que une pessoas e o mundo, conectando-se. A imagem, o som e a escrita interagem entre si, e com os gestos dão vida à Literatura que transforma o Jornalismo na Arte que mostra a realidade dos fatos, e a informação do jeito que acontece, no contexto dos fatos e da vida. Poetando nas "Acontecências" é um aspecto de Arte no jornalismo, porque "poetar" é sentir o viver em um segundo, e o registrar para que a vida mostre o seu lirismo e candura que perdura para sempre.

Clarice Lispector - Pensador


Assim disse Clarice Lispector: Criar sim, mentir não. Criar não é imaginação, é correr o grande risco de se ter a realidade. O que acontece vira um fato no tempo, por isso o espaço das "acontecências" não tem fim, não acaba nunca e "literaturar" é respirar o tempo e o registrar porque ele passa e esvoaça igual a uma neblina que surge dormitando nas encostas montanhosas e nas várzeas preguiçosas das colinas.


Exemplo de Literatura:


Poesia Existencialista

Somos Passageiros do Tempo....

O TEMPO PASSA IGUAL FUMAÇA.....ESVOAÇA
E NO ESPAÇO FICAMOS NÓS...
COM AS LEMBRANÇAS DO QUE NÃO VOLTA JAMAIS!!!

O QUE FAZER? FICAR SEM FAZER NADA.
E ESPERAR QUE O TEMPO QUE SE FOI VOLTE..
SERÁ QUE ESTE TEMPO VAI VOLTAR?

NÃO...ESTE TEMPO NÃO VOLTA JAMAIS
MAS AS PESSOAS QUE O TEMPO LEVOU PODEM VOLTAR..
E JUNTO A NÓS PODEMOS JUNTINHOS
CRIAR UM NOVO TEMPO, TALVEZ ATÉ MELHOR DO QUE ANTES

MAS FAZER DESTA ESPERANÇA UMA NOVA REALIDADE
NO TEMPO, SÓ A VIDA e o TEMPO PODEM DIZER....
PORQUE SOMOS PASSAGEIROS DO TEMPO,
E SÓ O TEMPO PODE DAR TEMPO AO TEMPO PARA CRIAR
ESTE NOVO TEMPO PARA NÓS......

ESTOU AQUI NA ESTAÇÃO DO TEMPO ESPERANDO
O TEMPO PASSAR, PRA DAR UMA PEQUENA PARADINHA
E PARAR, NESTA ESTAÇÃO PARA UMA NOVA VIDA DESCER
PRA NÓS COMEÇARMOS UM NOVO TEMPO,
CORRIGINDO OS ERROS DO QUE PASSOU....

NÃO DEIXE O TEMPO PASSAR, PEGUE UMA CARONA NELE
E PARE NESTA ESTAÇÃO...FIQUE ESPERANDO.... 3
PORQUE A VIDA É AMOR..
E O AMOR PELA VIDA NEM O TEMPO QUE PASSA E ESVOAÇA PODE APAGAR....A VIDA É O NOSSO "EU".. O NOSSO TUDO
A VIDA É O TUDO DO TODO. E ISSO, DE DENTRO DO NOSSO CORAÇÃO O TEMPO JAMAIS VAI APAGAR..

(Autor: Jornalista Alair de Almeida )

Somos passageiros do tempo, e o tempo é curto, por isso temos de viver o tempo como se o tempo não existisse, sem dar tempo ao tempo pra ele roubar o pouco de tempo que temos do tempo da gente...

O Jornalismo

Jornal Região Sul - A informação do Jeito que Acontece

Jornalismo é mostrar a informação como acontece dentro da realidade dos fatos, mas este jornalismo está fugindo da literatura, na atualidade, transformando-se em informação subliminar, para se vender um produto ou imagem, que é o "merchandising", deixando de lado o verdadeiro jornalismo informativo e literário, sem criatividade. O merchandising está surgindo no jornalismo, dividindo opiniões, como aconteceu com a literatura e o jornalismo, conforme as opiniões dos profissionais abaixo relacionados:

Citações de Críticos

1 – Oscar Wilde: A diferença entre o jornalismo e a literatura é que o jornalismo é ilegível e a literatura não é lida.

2 – Émile Boivin: Homero foi o primeiro repórter que a história da humanidade registra ao narrar em Ilíada os combates entre gregos e troianos ( Histoire du Jornalisme)

3 – Gustave Flaubert: Considero como uma das felicidades de minha vida não escrever nos jornais; isto faz mal a meu bolso, mas faz bem à minha consciência.

4 – Millôr Fernandes: Em qualquer roda é fácil reconhecer um jornalista: é o que está falando mal do jornalismo.

5 – Paulo Mendes Campos: Não acredito no talento de escritor, sem que ele tenha passado pelo jornalismo.

O sucesso do jornalismo digital do 'The New York Times' | VEJA

Redação digital do Jornal The New York Times

É das redações de muitos jornais que surgiram excelentes escritores que escreviam crônicas, ou simplesmente publicavam suas obras em capítulos, e entre eles destacam-se Clarice Lispector, Manuel Antônio de Almeida, Euclides da Cunha (Os sertões), Machado de Assis, Graciliano Ramos, José de Alencar, Olavo Bilac, Vinicius de Morais, Carlos, Drummond de Andrade, Arnaldo Jabor e muitos outros que para sobreviver escreviam em jornais, além de Ignácio de Loyola Brandão, ("ZERO") jornalista e escritor, alvo e foco deste Relatório Síntese.

Mês do Marketing: 4 mitos sobre o trabalho na área de marketing - Adzuna.com.br blog

Fazer jornalismo sem o conhecimento da área publicitária é o mesmo que fazer jornalismo sem a presença da literatura. Os veículos de comunicação, tanto do segmento impresso quanto do eletrônico, fazem parte da multimídia, e para existirem precisam da publicidade, que atualmente está se transformando em Merchandising, uma forma subliminar de jornalismo que também está mascarando a literatura, por causa da atuação mercadológica da lei da sobrevivência dos veículos de comunicação e dos profissionais, tanto do jornalismo quanto da literatura.

Resultados e Discussão no TCC Passo a Passo

O objetivo desta pesquisa é levantar uma discussão sobre o assunto, na tentativa de mostrar que literatura e jornalismo se interdependem, mesmo nos dias atuais, mas ambos estão se transformando em merchandising, quer queiram ou não os defensores de um ou outro segmento, para alegria dos críticos e mercantilistas de plantão.

E dentro desta polêmica está a atuação de Ignácio de Loyola Brandão, através do seu livro "ZERO".

Um livro que nasceu dentro de uma redação de Jornal na época da ditadura, nas observações do autor, que sentiu na pele a clausura da censura, vivenciando desaparecimentos e tortura de pessoas comuns. Neste período o Brasil era "zero" em tudo, como destacou Ignácio de Loyola Brandão nos dez anos que durou para "ZERO" nascer....

Literatura X Jornalismo:

?

Há proximidade e distância entre eles, mas é a narrativa o que mais têm em comum.

O jornalismo pode ser considerado como a atividade que apura acontecimentos dentro da realidade dos fatos, mostrando a informação como acontece, difundindo informações da atualidade, na tentativa de capturar os reflexos da própria vida.

Para essa captação do que pode ser considerado um fato real, o jornalismo utiliza a linguagem como ferramenta, como meio e não como fim, por isso, da análise destes dois ângulos, é que surge o que pode ser considerado como a maior separação entre jornalismo e literatura.

Quem é Ignácio de Loyola Brandão

Ignácio de Loyola Brandão se consagra como imortal da ABL - ACidadeON Araraquara

Quem se saiu muito bem nestes dois segmentos, destacando-se, foi Ignácio de Loyola Brandão nascido em 1936, escritor e jornalista brasileiro.

Eleito para a Academia Brasileira de Letras, em 2019, é autor de uma vasta produção literária, entre romances, contos e crônicas. Ignácio de Loyola Brandão nasceu em Araraquara, São Paulo, no dia 31 de julho de 1936.

Filho do ferroviário Antônio Maria Brandão e de Maria do Rosário Lopes Brandão iniciando seus estudos em sua cidade natal. Com 16 anos começou sua carreira jornalística como crítico de cinema no semanário, Folha Ferroviária, depois trabalhou no diário, O Imparcial, onde por cinco anos aprendeu a fazer reportagens, entrevistas, impressões e fotografia.

Em 1957, mudou-se para São Paulo iniciando seus trabalhos jornalísticos no jornal Última Hora. Em 1963, foi correspondente do jornal Última Hora na Itália, sendo também correspondente da TV Excelsior, tendo coberto a morte do papa João XXIII.


Editoras Brasileiras Recusam

publicar o Livro "ZERO"

Recusada pelas editoras brasileiras, a obra é publicada na Itália. Em 1975, a obra é publicada no Brasil, mas é censurada pela ditadura militar, sendo liberada somente três anos depois. Em 1977, Ignácio de Loyola viaja a Cuba como júri do Prêmio Casa de Las Americas. Em 1978 publica o livro: "Cuba de Fidel: Viagem à Ilha Proibida".

Um clássico de Ignácio de Loyola é a obra de ficção: "Não Verás País Nenhum" (1981) onde o autor faz uma previsão catastrófica do futuro do planeta.

Eu tenho Araraquara inteira dentro de mim, diz Ignácio de Loyola Brandão - ACidadeON Araraquara

Ignácio de Loyola Brandão tem mais de quarenta livros pulicados, entre romances, contos crônicas, livros infanto-juvenil, viagens, biografias e peça de teatro. Seus livros foram pulicados em vários idiomas e o autor recebeu diversos prêmios.

Em 2015, Ignácio de Loyola publicou, em forma de carta aos seus filhos, "Manifesto Verde", onde faz um alerta sobre a preservação da natureza e apresenta as realidades e os desafios que devemos enfrentar em prol da conservação da vida na Terra.

Ignácio de Loyola Brandão deve ser eleito para a Academia Brasileira de Letras | GZH

Jornalista Ignácio de Loyola Brandão no dia 14 de março de 2019 foi eleito por unanimidade e toma posse na Cadeira 11 da ABL, Academia Brasileira de Letras e afirma: "não podemos repousar a cabeça alheios ao terror nem permitir que nos arranquem a voz de nossas gargantas"

O Brasil é um dos países mais viáveis do mundo. No relacionamento entre recursos naturais e humanos e nível econômico-tecnológico já disponível, o Brasil se situa, com os Estados Unidos, a União Soviética e o Canada no topo da viabilidade mundial..

Fardão e discurso prontos: Loyola preparado para posse na ABL

Por ter vivido várias épocas da vida brasileira e ter presenciado importantes mudanças políticas e sociais, como jornalista e depois como escritor, com experiência de vida e contato com diferentes autores e a sociedade de outros países, e principalmente pelo seu polêmico livro "ZERO", e por ter sido reconhecido pela sociedade brasileira em todos os seus segmentos, culminando pela sua entrada na ABL-Academia Brasileira de Letras neste 2019, sendo jornalista e escritor, fundindo estes dois segmentos, é que me decidi por sua escolha. Literatura e Jornalismo, bem do jeitinho brasileiro, estão evidentes nos escritos, tanto jornalísticos quanto nos seus livros publicados, sem muitas vezes diferenciar um segmento do outro, fundindo literatura e jornalismo, mas também distanciando Jornalismo da literatura e vice versa.

Por isso, esta dicotomia polêmica de Ignácio de Loyola Brandão pode trazer muita luz ao que já se discute sobre este tema, acrescentando à Literatura e ao Jornalismo este segmento chamado de Merchandising, a maneira subliminar atual de se fazer Jornalismo e Literatura. É o que tentaremos mostrar através deste trabalho.

Obras de Ignácio de Loyola Brandão

Romances

· Bebel Que a Cidade Comeu (1968)

· Zero (1975

· Dentes ao Sol (1976)

· Não Verá País Nenhum (1981)

· É Gol (1982)

· O Beijo Não Vem da Boca (1985)

· O Ganhador (1987)

· O Anjo do Adeus (1995)

· A Altura e a Largura do Nada (2006)

· Desta Terra Nada Vai Sobrar, A Não Ser O Vento Que Sopra Sobre Ela (2018)

Contos e Crônicas

· Depois do Sol (1965)

· Pega ele, Silêncio (1976)

· Obscenidades Para Uma Dona de Casa (1981)

· Cabeças de Segunda-feira (1983)

· O Homem do Furo na Mão (1987)

· A Rua de Nomes No Ar (1988)

· Strip-tease de Gilda (1995)

· Sonhando Com o Demônio (1998)

· O Homem Que Odiava Segunda-feira (1999)

· Calcinhas Secretas (2003)

Relatos de Viagens

· Cuba de Fidel: Viagem à ilha Proibida (1978)

· O Verde Violentou o Muro (1984)

· Acordei em Woodstock Viagem, memórias, perplexidades (2011)

Infanto-Juvenis

· Cães Danados (1977) (Reescrito como O Menino Que Não Teve Medo do Medo, 1995)

· O Homem Que Espalhou o Deserto (1989)

· O Segredo da Nuvem (2006)

· O Menino Que Vendia Palavras (2008)

· O Menino Que Perguntava (2011)

Relatos Autobiográficos

· Veia Bailarina (1997)

· A Morena a Estação (2010)

Zero, um livro


que está


entre os 100


mais lidos


do mundo


Zero, de Ignácio de Loyola Brandão - YouTube

O Livro "ZERO": Zero é uma das obras mais comentadas da literatura brasileira na segunda metade do século XX, e está em todas as listas dos cem melhores livros do século. Há 35 anos Zero continua uma presença fundamental nas livrarias e é fonte de discussões em escolas de ensino médio, universidades e em eventos literários. O processo de construção de romance Zero está intimamente relacionado com o contexto do regime militar brasileiro e com o trabalho jornalístico do autor, no periódico carioca "Última Hora".

Atividade que desempenhou de 1964 a 1973 e que o colocou em contato direto com a constante silenciamento imposto aos meios de comunicação. Portanto, Zero é uma forma de "resposta" à censura e ao volume crescente de material jornalístico proibido de circular; e que serviram, posteriormente, como fonte de inspiração para o autor na elaboração do romance, que foi publicado primeiramente em 1974, numa edição italiana.

Ignácio Loyola Brandão constrói um texto verossímil, sensível ao contexto histórico que viveu, conseguido captar e transformar em material estético a atmosfera caótica e violenta do período. Ou seja, a partir de registros factuais, o autor elabora um romance de estrutura pouco convencional, com inovações textuais e formais, no qual a subversão da narrativa linear, da composição fragmentada e do jogo arbitrário da linguagem metaforiza a situação de coerção política e alienação de um território subdesenvolvido e sob regime ditatorial. Recortes de jornais, frases de banheiros, desenhos, rabiscos, letras de música, poemas, gráficos, que combinados contam a história do personagem central do romance, José, mas também, na expressão do narrador, de toda a "América Latíndia", assolada por muitos atrasos de ordem política, econômica e cultural.

ZERO e sua história de publicação

Luciana Stegagno Picchio by Câmara Municipal de Lisboa - Issuu


Luciana Stegagno Picchio, professora emérita da Universidade de Roma, teve o livro História da Literatura Brasileira, publicado pela ABL-Academia Brasileira de Letras em coedição com a Lacerda Editores.

Em depoimento à edição número 11, de junho de 2001, dos Cadernos de Literatura Brasileira, Luciana conta que se encontrava em São Paulo em setembro de 1972 para participar de um Congresso Internacional de Estudos Portugueses e Brasileiros.

Eram os anos da ditadura militar e a atmosfera do congresso tinha sido triste e extremamente tensa. Quando ela já se encontrava no avião de volta, viu um audacioso sujeito correndo na pista. Era o grande dramaturgo Jorge Andrade, carregando um grande pacote, que entregou à escritora, desaparecendo em seguida.

Dentro do pacote estavam os originais de um romance de um autor desconhecido de nome Ignácio de Loyola Brandão, intitulado Zero, que ela leu antes do fim da viagem. Ela ficou impressionada com aquelas páginas cheias, como se fossem urros, de palavras em letra capital, desenhos, gráficos, tabelas. Qualquer coisa, principalmente na altura, de insólito.

Praça de São Pedro | Vaticano | Itália

Quando desembarcou em Roma, Luciana estava convencida de que o livro que acabava de ler, ainda inédito no Brasil, teria de ser publicado o mais breve possível na Itália para que o mundo soubesse não o que acontecia (porque todos deviam saber), mas qual era o clima em que se encontravam os intelectuais do país, a ponto de alcançarem a violência da linguagem e das imagens que ela acabava de ler.

O desejo da professora Luciana Stegagno Picchio foi o passaporte para o Zero ter a sua primeira edição mundial em março de 1974, com um grande êxito, que culminou em outras traduções (Cadeiras proibidas, Não verás país nenhum, este aclamado com o Grande Prêmio do Instituto Ítalo-Latino-americano, em 1984). Zero só viria a sair no Brasil em 1975, pela Editora Brasília, de Lygia Jobim.

Em julho de 1976, recebeu da Fundação Cultural do Distrito Federal o prêmio de "Melhor Ficção", o que não o impediu de ter a sua venda proibida pelo Ministério da Justiça, naquele mesmo ano.

Por que muitos brasileiros não acreditam que existiu uma ditadura militar?

A análise da obra Zero, escrita na época da ditadura militar no Brasil, apresenta no seu discurso uma realidade histórica daquele período, destacando a relevância do conteúdo informacional de uma obra (matéria-prima do bibliotecário), mostrando de que forma a censura era usada como estratégia daquele sistema para controlar a informação. A Ditadura Militar no Brasil, período entre 1964 a 1985, marcou uma época de intervenção direta dos militares nas três esferas do poder nacional: Legislativo, Executivo e Judiciário.

Caracterizado também pela censura, perseguição política, direitos constitucionais feridos e repressão a qualquer pessoa que manifestasse oposição aos ideais ditatoriais, representou um dos momentos mais dramáticos da história do país, pelo uso da violência e desrespeito aos direitos dos cidadãos.

ZERO, retrata este período na visão do jornalista Ignácio de Loyola Brandão, que viveu e vivenciou os fatos narrados, alterando os nomes das personagens por causa das retaliações.

Ditadura e censura no Brasil - Biblioteca Virtual Consuelo Pondé - Governo da Bahia

A censura à liberdade de opinião e expressão é uma das características mais marcantes do período ditatorial militar, principalmente no que se refere aos meios acadêmicos, informacionais e culturais, comum aos regimes autoritários, para poder controlar a população, assim como a propagação de ideias que manchem a imagem do regime.

A censura durante o regime foi implantada pelos Atos Institucionais (AIs). O mais conhecido e violento, entre os AIs, foi AI-5 (Ato Institucional nº 5), um decreto implantado em 1968 e que vigorou até 1978.

Responsável por dar amplos poderes ao Executivo, podendo determinar o fechamento de Assembleias, Congresso Nacional e Câmaras. Suprimiu direitos políticos, como a obtenção de habeas corpus; possibilitou a apreensão de bens materiais; proibiu a livre circulação de pessoas; vetou manifestações, acesso e circulação de obras artísticas e literárias que feriam de alguma forma a moral, a ordem e os bons costumes.

No início da obra há duas colunas (formato de jornal ou bíblia). Nelas são apresentadas, respectivamente, as descrições físicas e comportamentais de um sujeito comum, José; e na outra, informações acerca do Universo.

Ignácio de Loyola Brandão é um escritor puro sangue, radical. Sua obra consagrada noBrasil e no exterior, traz um misto de alta cultura e ironia, olhar incisivo e viés experimental. Os romances Zero e Não verás país nenhum já se tornaram patrimônio de nossa ficção. Ignácio renova e enriquece a Casa de Machado, afirmou, logo após a eleição, o Presidente da ABL, Marco Lucchesi."

Ignácio de Loyola Brandão, o


escritor, o jornalista e


a pessoa humana:

Ignácio de Loyola Brandão ao lado da filha no teatro - Na Mídia

Ignácio com sua fiha

O Brasil é um dos países mais viáveis do mundo. No relacionamento entre recursos naturais e humanos e nível econômico-tecnológico já disponível, o Brasil se situa, com os Estados Unidos, a União Soviética e o Canadá no topo da viabilidade mundial..."


A obra analisada aqui constitui um romance estilizado, paródico, construído a partir de outros textos, no qual Ignácio de Loyola utiliza-se de um narrador em primeira pessoa ("eu") que dilui a fronteira entre o discurso ficcional e a matéria narrada (extraída de notícias verídicas).

Assim, tem-se um discurso direto, que abre espaço para uma prosa coloquial, repleta de gírias, obscenidades e um vocabulário de baixo calão. A infração às regras de etiqueta, expressas pelos palavrões, parece representar a libertação não só das boas maneiras, como das regras sociais.

Ou seja, o uso exacerbado do palavrão é uma espécie de enfrentamento ao poder (uma aspiração à liberdade). Vejamos o despudor da personagem José, ao demonstrar o desejo de manter relações sexuais com Rosa (sua esposa) em público":

A Realidade de "ZERO"

Ignácio De Loyola Brandão - Zero/literatura/ebook

Zero é o lugar de expressão de uma realidade. Descobrir essa obra é possibilitar um diálogo entre a sociedade de ontem e de hoje.

Sua leitura suscita uma reflexão sobre o tempo presente e suas nuances no campo social e político, uma vez que provoca uma indagação sobre o quão interessante é para toda e qualquer forma de governo (seja uma ditadura ou uma democracia) ter um povo instruído e sabedor da realidade que o cerca.

Os anos de chumbo passaram e o que restam são questionamentos acerca da suposta liberdade concedida com a democracia, do caos político do regime militar para o caos econômico e social.

A censura antes era o impedimento para os livros chegarem até o público; hoje, o que impede o destino dos livros é a crise econômica, uma barreira com alicerces no sistema político. Porque a sociedade brasileira atual, embora não viva sob o regime da ditadura militar, sofre efeitos de outras modalidades de censura, veladas ou não.

O interesse pela censura já vem de longa data e tornou-se uma inquietação mais forte ao verificar a pouca discussão desse tema em sala de aula, pois se configura em um forte obstáculo para o desenvolvimento das funções jornalísticas dos profissionais da informação.

Com base neste romance "ZERO" pode-se concluir que literatura e jornalismo têm muito em comum, além da narrativa.

Um se aprimora no outro e ambos, do ponto de vista Estético e da Arte, acabam sendo o reflexo criativo de uma literatura jornalística e de um jornalismo literário, embora o jornalismo tenha nuances de "merchandising", o que a literatura ainda não demonstrou.

Jornalismo é Arte? É beleza? E a literatura? Literatura é mais Arte, e o Jornalismo mais fatos, mas ambos usam da narrativa para a composição do contexto dos seus textos narrativos. E os filósofos da antiguidade, como viam a estética e a Arte, que muitas vezes apresentavam um jornalismo subliminar? (Caso de Homero na Ilíada, que narrou fatos, que eram cantados e contados, ficcionais ou não, mitológicos ou não)

Por tudo isso pode-se concluir que literatura e jornalismo nasceram irmãos gêmeos, caminharam um tempo juntos, mas com o tempo separaram-se, e atualmente cada um tem vida própria. Embora continuem usando a mesma ferramenta, que é a Palavra em narrativas ricas, um na criatividade ficcionista e o outro mostrando a realidade dos fatos, mas o importante é que ambos se comunicam com o mesmo sujeito, que é o leitor, o ouvinte, o telespectador, o internauta, usando os meios de comunicação, falados, escritos, televisivos e por este fenômeno chamado internet, pelas Redes Sociais, usando computadores, tablets, celulares, apps e todo tipo de aplicativos que se modificam a cada dia, conectando tudo a todos e todos a tudo.

REFERÊNCIAS

1 - MENEZES, Fagundes. Jornalismo e Literatura edição 1. Rio de Janeiro, Editora Razão Cultural, 1997..

2 - ARAÚJO, Carlos Magno. Amor à palavra. In: CASTRO, Gustavo de; GALENO,

Alex. Jornalismo e literatura: a sedução da palavra. São Paulo: Ed. Escrituras,

2005, p. 93-97

3 - COSSON, Rildo. Romance-reportagem: o império contaminado. In: CASTRO,

Gustavo de; GALENO, Alex. Jornalismo e literatura: a sedução da palavra. São Paulo: Ed. Escrituras, 2005, p. 57-70

4 - LAJOLO, Marisa. O que é literatura. São Paulo: Brasiliense, 1982.

5 - LIMA, Alceu Amoroso. O jornalismo como gênero literário. Rio de Janeiro:

Agir, 1969.

6 -BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Zero 3. Ed. Rio de Janeiro. Codecri, 1979

Fonte: Da Redação: Alair de Almeida - Jornalista Mtb: 16.099 MG

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