Ministro compara
taxas do país
com as de locais
onde a pandemia
já atingiu o pico
e diz que Brasil tem
"boa performance"
Em sua primeira entrevista coletiva desde que assumiu o cargo, na última sexta-feira, o ministro da Saúde, Nelson Teich, elogiou o desempenho brasileiro no combate à Covid-19. Ele comparou os números do país com o de outras nações que já atingiram o pico da pandemia, citando França, Espanha e Alemanha, além dos Estados Unidos, que é considerado atualmente o epicentro do novo coronavírus.
— Em relação a números, eu tenho os números colocados aqui, o Brasil, hoje, é um dos países que melhor performa em relação à Covid — afirmou o ministro, que comparou: — Se você analisar mortos por milhão de pessoas, o número do Brasil é de 8,17. A Alemanha tem 15, a Itália tem 135, a Espanha tem 255 e os Estados Unidos, 129. O nosso número é um dos melhores.
O Brasil chegou na quarta-feira (22) a 2.906 mortes causadas pela Covid-19
Num intervalo de pouco mais de um mês — o primeiro óbito pela doença no país foi registrado no dia 17 de março. Segundo previsões do próprio Ministério da Saúde, o pico da pandemia aqui deve ocorrer em maio e junho.
Teich prometeu apresentar em uma semana um plano com diretrizes para estados e municípios sobre o início do relaxamento das medidas de isolamento social no país, levando em consideração os aspectos de cada região do país:
— A gente hoje já tem uma matriz pronta (para instruir os governos locais sobre reabertura da economia). Daqui a uma semana a gente entrega uma diretriz completa, depois dos ajustes. O Brasil é gigante e heterogêneo, não tem como a diretriz não ser customizada para as diferentes partes do país. Você vai computar quais os números de casos novos, com os anteriores, estrutura de leitos, recursos humanos...
Questionado sobre os testes aplicados à população como forma de orientar o planejamento, Teich ressaltou que a flexibilização do isolamento deverá ser reavaliada constantemente, com possibilidade de recuo, de acordo com as consequências, por causa do desconhecimento em relação à Covid-19:
— Quando você conhece pouco alguma coisa (referindo-se à doença), não consegue prever o que acontecerá. Então tem que ser rápido o bastante para fazer um diagnóstico e tomar uma atitude. Uma das coisas que teremos é: se acontecer isso aqui, recua. Testar, diagnosticar precocemente a consequência do seu ato e rever o que tem a fazer.
Teich lembrou que os hospitais também precisam atender a outras doenças. Ele calculou que se o país tivesse 4 milhões de infectados, em vez dos poucco 45.757 confirmados até esta quarta-feira (22) — numa hipotética subnotificação de quase cem vezes o número de casos —, ainda assim seriam apenas 2% da população. O ministro também mencionou que há 24.300 curados da doença no Brasil.
Também na coletiva no Planalto, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disse que a primeira carga de 17 milhões de máscaras importadas da China deve chegar na próxima segunda-feira. O prazo para entrega vem sendo adiado. Freitas explicou que os aviões brasileiros já estão na China, mas ainda aguardam a liberação do material que o Ministério da Saúde comprou.
— Eles (os chineses) reforçaram nesses últimos dias as inspeções desses produtos — explicou Tarcísio.
Já o ministro da Secretaria-Geral de Governo, Luiz Eduardo Ramos, criticou a imprensa por publicação de "fatos negativos" sobre a Covid-19 sob o argumento que as pessoas estão "muito suscetíveis" a essas notícias. Ele pediu que os telejornais divulguem também "notícias boas", como o número de pessoas curadas ou a atuação dos profissionais de saúde, o que já vem sendo feito:
— Nós do governo respeitamos muito a liberdade de imprensa. Mas temos observado uma cobertura maciça dos fatos negativos.