Ministro da Saúde compara taxas do país com as de locais onde a pandemia já atingiu o pico e diz que Brasil tem "boa performance"

Segunda onda de coronavírus pode ser ainda pior nos Estados Unidos

Por Marco Antônio Gomes de Carvalho em 25/04/2020 às 15:24:26
Nelson Teich, Ministro da Saúde dá a sua primeira Coletiva depois da posse

Nelson Teich, Ministro da Saúde dá a sua primeira Coletiva depois da posse

Ministro compara

taxas do país

com as de locais

onde a pandemia

já atingiu o pico

e diz que Brasil tem

"boa performance"


Brasília - Wikipedia

Em sua primeira entrevista coletiva desde que assumiu o cargo, na última sexta-feira, o ministro da Saúde, Nelson Teich, elogiou o desempenho brasileiro no combate à Covid-19. Ele comparou os números do país com o de outras nações que já atingiram o pico da pandemia, citando França, Espanha e Alemanha, além dos Estados Unidos, que é considerado atualmente o epicentro do novo coronavírus.

— Em relação a números, eu tenho os números colocados aqui, o Brasil, hoje, é um dos países que melhor performa em relação à Covid — afirmou o ministro, que comparou: — Se você analisar mortos por milhão de pessoas, o número do Brasil é de 8,17. A Alemanha tem 15, a Itália tem 135, a Espanha tem 255 e os Estados Unidos, 129. O nosso número é um dos melhores.

O Brasil chegou na quarta-feira (22) a 2.906 mortes causadas pela Covid-19

Num intervalo de pouco mais de um mês — o primeiro óbito pela doença no país foi registrado no dia 17 de março. Segundo previsões do próprio Ministério da Saúde, o pico da pandemia aqui deve ocorrer em maio e junho.

Teich prometeu apresentar em uma semana um plano com diretrizes para estados e municípios sobre o início do relaxamento das medidas de isolamento social no país, levando em consideração os aspectos de cada região do país:

— A gente hoje já tem uma matriz pronta (para instruir os governos locais sobre reabertura da economia). Daqui a uma semana a gente entrega uma diretriz completa, depois dos ajustes. O Brasil é gigante e heterogêneo, não tem como a diretriz não ser customizada para as diferentes partes do país. Você vai computar quais os números de casos novos, com os anteriores, estrutura de leitos, recursos humanos...

Questionado sobre os testes aplicados à população como forma de orientar o planejamento, Teich ressaltou que a flexibilização do isolamento deverá ser reavaliada constantemente, com possibilidade de recuo, de acordo com as consequências, por causa do desconhecimento em relação à Covid-19:

— Quando você conhece pouco alguma coisa (referindo-se à doença), não consegue prever o que acontecerá. Então tem que ser rápido o bastante para fazer um diagnóstico e tomar uma atitude. Uma das coisas que teremos é: se acontecer isso aqui, recua. Testar, diagnosticar precocemente a consequência do seu ato e rever o que tem a fazer.

Teich lembrou que os hospitais também precisam atender a outras doenças. Ele calculou que se o país tivesse 4 milhões de infectados, em vez dos poucco 45.757 confirmados até esta quarta-feira (22) — numa hipotética subnotificação de quase cem vezes o número de casos —, ainda assim seriam apenas 2% da população. O ministro também mencionou que há 24.300 curados da doença no Brasil.

Também na coletiva no Planalto, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, disse que a primeira carga de 17 milhões de máscaras importadas da China deve chegar na próxima segunda-feira. O prazo para entrega vem sendo adiado. Freitas explicou que os aviões brasileiros já estão na China, mas ainda aguardam a liberação do material que o Ministério da Saúde comprou.

— Eles (os chineses) reforçaram nesses últimos dias as inspeções desses produtos — explicou Tarcísio.

Já o ministro da Secretaria-Geral de Governo, Luiz Eduardo Ramos, criticou a imprensa por publicação de "fatos negativos" sobre a Covid-19 sob o argumento que as pessoas estão "muito suscetíveis" a essas notícias. Ele pediu que os telejornais divulguem também "notícias boas", como o número de pessoas curadas ou a atuação dos profissionais de saúde, o que já vem sendo feito:

— Nós do governo respeitamos muito a liberdade de imprensa. Mas temos observado uma cobertura maciça dos fatos negativos.


Segunda onda de coronavírus pode ser ainda pior nos Estados Unidos

Mulher com traje de proteção caminha por Nova York em 20 de abril de 2020
Mulher com traje de proteção caminha por Nova York em 20 de abril de 2020


Uma segunda onda do novo coronavírus nos Estados Unidos pode ser ainda mais desastrosa porque provavelmente coincidiria com a temporada de gripe, afirmou Robert Redfield, diretor dos Centros de Controle e Prevenção de Doença (CDC).

Redfield pediu aos americanos que se preparem nos próximos meses e que tomem a vacina contra a gripe.

"Existe a possibilidade de que o ataque do vírus em nossa nação no próximo inverno seja realmente mais difícil do que o que acabamos de atravessar", declarou Redfield em uma entrevista ao jornal Washington Post publicada na terça-feira à noite.

"Nós teremos a epidemia de gripe e a epidemia de coronavírus ao mesmo tempo".

Estados Unidos registram mais de 800.000 casos de COVID-19 desde o início da pandemia, de acordo com o balanço da Universidade Johns Hopkins, com quase 45.000 mortes, o maior número para um país.

Bilhões de pessoas no mundo receberam a ordem de permanecer em suas casas nas últimas semanas para tentar evitar o colapso dos sistemas de saúde por uma propagação em larga escala do vírus, altamente contagioso.

Como em muitos outros países, as autoridades americanas encontram dificuldades para garantir o número suficiente de respiradores para os pacientes e equipamentos de proteção para os profissionais da saúde.

Redfield disse que o vírus chegou aos Estados Unidos justamente quando a temporada de gripe, que por si só pode aumentar a pressão sobre centros de saúde, estava se dissipando.

Se as duas doenças tivessem atingido o pico ao mesmo tempo, afirmou ao Post, "poderia ter sido muito, muito, muito difícil" para o sistema de saúde administrar.

Tomar a vacina contra a gripe "pode permitir que exista uma cama de hospital disponível para sua mãe ou avó, caso elas sejam infectadas com o coronavírus".


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