Remédios, terapias, estímulos elétricos: como é a rotina hospitalar de jovem com a "pior dor do mundo", internada em Alfenas

Carolina Arruda, que tem neuralgia do trigêmeo, está internada por tempo indeterminado em Alfenas. Ela tem feito neuromodulação para aliviar as dores e também é acompanhada por psicólogos, fisioterapeutas e enfermeiros.

Por Alair de Almeida, Editor e Diretor do Jornal Região Sul em 21/07/2024 às 09:04:44

Carolina Arruda, que tem neuralgia do trigêmeo, está internada por tempo indeterminado em Alfenas. Ela tem feito neuromodulação para aliviar as dores e também é acompanhada por psicólogos, fisioterapeutas e enfermeiros.





Eu estou esperançosa. Estou com uma expectativa bem alta para essa cirurgia. Eu sei que eu não posso ficar criando tanta expectativa, porque eu tenho risco de me decepcionar depois. A gente não sabe se vai dar certo, mas temos outras opções cirúrgicas para procurar", afirmou à reportagem.
Carolina está internada desde o dia 8 de julho na Clínica da Dor, ligada a Santa Casa de Alfenas. A jovem foi internada para um novo tratamento que promete aliviar as dores intensas que ela sente.

Após dois dias de internação, a jovem foi para a UTI receber medicamentos. Já no quarto, Carolina relatou um período sem dores, o que considerou uma experiência inédita em mais de uma década de vida. No entanto, os sintomas retornaram – em menor intensidade – no dia seguinte.

Desde então a estudante relata eventualmente ter febre e sentir dores que oscilam no decorrer do dia. Ela também comenta sobre picos de sonolência e relata ter tido dificuldade para dormir em algumas noites.

Carolina Arruda tem neuralgia do trigêmeo e faz tratamento com terapias adjuvantes até a cirurgia para implantar 'bloqueadores' da dor — Foto: Arquivo pessoal/Carolina Arruda

Carolina Arruda tem neuralgia do trigêmeo e faz tratamento com terapias adjuvantes até a cirurgia para implantar 'bloqueadores' da dor — Foto: Arquivo pessoal/Carolina Arruda


Enquanto isso, novas atividades são incorporadas às recomendações médicas.

Um exemplo é a terapia adjuvante registrada em um vídeo publicado nas redes sociais, em que a estudante mostra o procedimento de eletro neuromodulação combinada com exercício físico de baixa intensidade.

Segundo o professor Marcelo Lourenço da Silva, coordenador do Laboratório de Neurociência, Neuromodulação e Estudo da Dor (LANNED) associado a Universidade Federal de Alfenas (Unifal-MG), a atividade consiste na estimulação transcraniana por corrente contínua (tDCS) com o uso do cicloergômetro de mão.

"Quando combinadas, a tDCS e o exercício físico podem atuar de forma sinérgica para proporcionar alívio da dor. A tDCS pode potencializar os efeitos analgésicos do exercício ao modular a excitabilidade cortical e facilitar a plasticidade neural, o que pode resultar em uma redução mais significativa da dor", explicou ao g1.

A neuromodulação feita por Carolina Arruda gera um estímulo transcraniano por corrente contínua (tDCS) — Foto: Arquivo pessoal/Marcelo Lourenço

A neuromodulação feita por Carolina Arruda gera um estímulo transcraniano por corrente contínua (tDCS) — Foto: Arquivo pessoal/Marcelo Lourenço


"Essas técnicas aplicam estímulos elétricos ou magnéticos ao cérebro através do couro cabeludo, alterando a excitabilidade dos neurônios e influenciando a plasticidade neural", explica o coordenador do LANNED.

Além das terapias adjuvantes, a jovem já passou por alterações nas medicações.

Conforme a equipe médica, as doses são ajustadas com o decorrer do tratamento. Alguns dos remédios são comprimidos e a maioria endovenosa.

"Começamos com o bloqueio simpático venoso em doses mais altas e fomos diminuindo aos poucos até chegar em uma situação confortável. Ela está fazendo uso de medicações de resgate quando tem necessidade", informou o médico Lucas dos Santos Campos, especialista em medicina da Dor.

Apesar de não ter restrições alimentares, a recomendação é que ela se alimente de forma saudável e preze por uma dieta anti-inflamatória, evitando alimentos com açúcar, farinha, trigo, glúten.

O objetivo é tentar controlar a fase de inflamação crônica.

Ainda segundo o médico responsável, a paciente pode caminhar normalmente, mas ainda há restrições para exercícios físicos.

A estudante é acompanhada por uma equipe de fisioterapia e realiza algumas atividades conforme indicado.

"Ela está tendo um acompanhamento psicológico. Em uma patologia tão desafiadora, é de extrema importância que a gente tenha uma equipe multidisciplinar forte, consolidada e que busque o mesmo objetivo, todos trabalhando no mesmo caminho, em uma mesma linha", completou um dos chefes do setor de cuidados da Dor.

Mais Informações

Quem é Carolina Arruda

Carolina Arruda, de 27 anos, é natural de São Lourenço, no Sul de Minas, e mora em Bambuí, no Centro-Oeste.

Ela é estudante de medicina veterinária, casada há três anos e mãe de uma menina de 10 anos.

A jovem começou a sentir as dores aos 16 anos, quando estava grávida e se recuperava de dengue.

Carolina Arruda tem neuralgia do trigêmeo — Foto: Carolina Arruda/Arquivo pessoal

Carolina Arruda tem neuralgia do trigêmeo — Foto: Carolina Arruda/Arquivo pessoal


Com a repercussão do caso, ela foi convidada pelo médico Carlos Marcelo de Barros, diretor clínico da Santa Casa de Alfenas e presidente da Sociedade Brasileira para os Estudos da Dor (SBED), para passar por um tratamento na Clínica da Dor, ligada ao hospital.

Fonte: G1 Sul de Minas e Da Redação

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