O real mostrou resiliência diante da posse de Donald Trump na última segunda-feira (20). Apesar das expectativas de alta volatilidade, dado o perfil do novo presidente, associado ao aumento das tensões comerciais, e o feriado nos Estados Unidos, o impacto para a maioria das moedas foi mais brando do que o esperado.
Embora Trump tenha mencionado de forma explícita a possibilidade de taxar importações de países como México, Canadá e China, o mercado interpretou suas declarações como menos severas do que o temido. Isso contribuiu para uma desvalorização global do dólar. O índice DXY, que monitora a variação do dólar frente a uma cesta de moedas fortes, registrou nesta terça-feira (21) o menor nível em cerca de um mês, após permanecer em patamares elevados por semanas.
O real, por sua vez, viveu um raro período de estabilidade nas últimas horas. Apesar do tom moderado — ainda que firme — do discurso de Trump em questões comerciais, a moeda brasileira também foi beneficiada pela intervenção do Banco Central do Brasil.
Na segunda-feira (20), o BCB voltou a atuar no mercado de câmbio, após um período de intensas intervenções que fizeram de dezembro o mês com o maior volume de operações desde 1999. Ao todo, foram injetados US$2 bilhões em leilões de linha, ação que ajudou a atenuar o início de um movimento de valorização do real observado no início desta semana.
Essas intervenções, no entanto, tiveram um impacto significativo nas reservas internacionais. Segundo dados do próprio Banco Central, as reservas cambiais recuaram de aproximadamente US$363 bilhões no início de dezembro de 2016 para cerca de US$328 bilhões em 20 de janeiro de 2017.