Chacina de Unaí: auditor do trabalho diz que crime envolveu racismo

Nelson José; da Silva, vítima da Chacina de Una - Nelson José da Silva/Arquivo Pessoal;O Nelson era o auditor lotado em Paracatu [que abrangia] a região de Unaí;.

Por Jornalista Alair de Almeida, Diretor e Editor do Jornal Região Sul em 29/01/2025 às 04:07:17

Nelson José da Silva, vítima da Chacina de Unaí - Nelson José da Silva/Arquivo Pessoal

"O Nelson era o auditor lotado em Paracatu [que abrangia] a região de Unaí.

Ele cuidava da fiscalização, organizava as fiscalizações e comandava equipes que iam lá. Equipes muitas vezes compostas e reforçadas por colegas de Belo Horizonte.

O Nelson era um auditor negro. Era um auditor negro que notificava, cobrava e dava ordens para fazendeiros brancos.

Fazendeiros com poder econômico e político que nunca aturaram receber ordens de um auditor negro."

"Este foi o principal motivo do assassinato", afirma Campos ao descartar a fiscalização como causa.

"As multas aplicadas pelo Ministério do Trabalho, naquela época e ainda hoje, não significam possibilidade de qualquer incômodo econômico para esses empregadores

. Então não é isso que incomodava os mandantes do assassinato."

Ordem para matar

"Quando chegou no dia do assassinato, lá em Unaí, os pistoleiros, que tinham sido contratados para matar apenas o Nelson, ligaram para os mandantes e disseram, "olha, mas está difícil porque ele está acompanhado.

Tem mais umas três pessoas com ele." Qual foi a ordem que veio? "Passa o cerol.

Mata todo mundo"", relembra Marcelo Campos.

Segundo o fiscal, "os Mânicas nem sabiam quem era Eratóstenes, quem era João Batista ou quem era o motorista [Aílton].

Eles sabiam quem era Nelson. Era esse o motivo para o assassinato."

As afirmações de Marcelo Campos foram feitas publicamente na tarde desta terça-feira (28), em mesa-redonda organizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) em Brasília, com a participação do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e do Ministério Público do Trabalho, além de representantes da sociedade civil.

Campos, que começou sua carreira no ano em que o MTE iniciou o combate à exploração do trabalho em condições análogas à escravidão (1995), durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, descreve que depois da chacina de Unaí a fiscalização do trabalho mudou o protocolo para atuar.

"Nós mudamos todos os nossos protocolos a partir dali, não só para fiscalizações de combate ao trabalho escravo, mas também para fiscalizações rurais e até urbanas que demonstram algum perigo.

Nesse caso, a gente atua com a Polícia Federal, com a Polícia Rodoviária Federal."

Fonte: EBC e da Redação

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