Exemplar raro de rã é achado por cientistas da UFMG mais de 60 anos desde a última descoberta

Por Marco Antônio Gomes de Carvalho em 03/03/2021 às 14:12:04

Paulo Garcia/ICB/Divulgação

Um exemplar macho da espécie Holoaden luederwaldti, conhecido popularmente como rãzinha-verrugosa-da-serra-de-Luederwaldt, foi encontrado na parte alta do Parque Nacional de Itatiaia, em Itamonte, na Região Sul do estado.

A descoberta aconteceu em fevereiro e foi feita por pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

De acordo com o professor associado responsável pelo Departamento de Zoologia, Paulo Christiano de Anchietta Garcia, a última coleta desse animal tinha acontecido em 1957, no Brejo da Lapa, no mesmo parque.

"É um animal relativamente raro porque não é encontrado comumente. A primeira aparição dele foi no Parque Estadual Campos do Jordão, em 1905. Em 1920, ele foi descrito formalmente", explica Garcia.

Ele fala ainda que o estudo começou há um ano e que há outros quatro para a descoberta de novas populações, mas que a pandemia do novo coronavírus e a falta de verba têm atrapalhado os trabalhos.

"Com a questão da pandemia a gente vai menos a campo. E é caro também. O fato de ele ter sido redescoberto mais de 60 anos depois mostra que a gente precisa conhecer melhor os locais que eles ocupam. Temos que ter recursos para irmos a campo estudar e proteger as espécies e os locais", pontua Garcia.

O projeto é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela organização The Mahamed bin Zayed Species Conservation Fund, dos Emirados Árabes.

Mais detalhes sobre a espécie

O cientista diz que a fêmea bota os ovos e os sapinhos já saem prontos, se desenvolvem de maneira direta, ou seja, não passam pelo estágio de girino – conhecido como fase larval. Garcia fala ainda que, das 8 mil espécies de anfíbios conhecidos, mais de 1 mil não passam por esse estágio.

O pesquisador conta que é desconhecido o tempo desde a desova até a eclosão dos ovos, e que o período reprodutivo da rãzinha acontece de outubro a abril. Ela bota de 36 até 41 ovos, uma vez por ano.

O exemplar encontrado foi capturado e levado ao ICB para ser estudado. De acordo com o professor, a legislação permite que haja a captura de até cinco unidades por espécie. Garcia conta que os anfíbios podem viver de 1 a 10 anos e, raramente, chegam a 20, 25 anos.

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