A visão atual do Dr. José Genésio Fernandes

Crônica; As desautorizações perversas

Por Marco Antônio Gomes de Carvalho em 29/03/2020 às 09:08:21

AS DESAUTORIZAÇÕES PERVERSAS



Muita gente fala que o problema do Bolsonaro é a língua solta e doidona. É verdade, mas também a insegurança diante dos ministros que se destacam no seu trabalho e no pensamento das questões. Parece que basta o brilhozinho de um subalterno para ele vir com a afirmação tautológica de que ele é o presidente. Se diz, e repete isso, é porque lá no seu íntimo acha que não o é ou sabe que duvidamos disso. Isso e a capacidade de desdizer a fala de seus ministros em público gera descrédito e isso é uma lástima, um enfraquecimento de uma autoridade diante do público que precisa dessa confiabilidade numa questão tão séria como a da pandemia.

O caso do Mandeta é um exemplo. Bolsonaro falou contra as orientações do ministro, depois tentou se safar por ter sido intempestivo. Hoje parece que as coisas se ajeitaram, com o ministro reafirmando as determinações anteriores sobre a quarentena. Isso porque o ministro possivelmente engoliu sapo e deixou a poeira abaixar, considerando a situação grave demais para tomar outra atitude. Bolsonaro não afina seu discurso antes para falar depois. Primeiro desafina para depois tentar afinar, com perda de tempo precioso dos que ficam arrumando aqui e ali com panos quentes. Esperemos que todos obedeçam a quarentena, por bem ou sob o peso da mortandade enorme nos outros países.

Não há economia sem vida. As duas coisas precisam ser cuidadas dentro do possível. E o governo existe e arrecada impostos para isso e precisa saber governar en tempo de crise como essa. Se não souber, não nos representa... tem mais gente.

Não adianta relutar em meter a mão no bolso, como aquele cara que chora redução de seu patrimônio diante dos custos do tratamento da mãe. E depois de esgotar o dinheiro? Tem ainda os impostos sobre grandes fortunas, as grandes empresas, os grandes bancos, a ajuda do capital externo, daqueles que têm bens aqui - e que, certamente, não querem perder, deixando o país ruir de vez.

A economia do mundo está mais interligada do que imaginamos hoje. Falam muito em capitalismo e socialismo, esquerda e direita etc, numa renúncia e desprezo mútuo, como coisas irreconciliáveis - mas acho que, com uma pandemia por ano, ou de vez em quando, o capitalismo admitiria algumas ideias do socialismo (como saúde e educação pública de qualidade), porque veria que uma peste braba pode bem acabar com tudo. Não é?

José Genésio Fernandes

Possui graduação em Letras Português Inglês pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Itajubá(1972), especialização em Educação à Distância - EAD pela Universidade Federal de Mato Grosso(2007), mestrado em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco(1984) e doutorado em Semiótica e Linguística Geral pela Universidade de São Paulo(2000). Atualmente é da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Membro de corpo editorial da Papéis (UFMS). Tem experiência na área de Lingüística, com ênfase em Semiótica e Lingüística Geral. Atuando principalmente nos seguintes temas:Paraliteratura, Análise semiótida romances sentimentais de massa, Práticas leitoras.

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