Brasil: Desemprego pode chegar a 5 milhões por causa do coronavírus

Coronavírus pode aumentar em 5 milhões o número de desempregados no Brasil

Por Marco Antônio Gomes de Carvalho em 30/03/2020 às 08:30:54

Coronavírus:

comércio pode

demitir 5 milhões

de pessoas no Brasil


coronavírus, associações que representam comerciantes estimam cerca de cinco milhões de demissões, relativas a empregos diretos e indiretos, caso o governo não interfira e ofereça apoio ao setor." data-reactid="23">Com o fechamento de shopping centers, lojas de rua, bares e restaurantes para evitar a disseminação do coronavírus, associações que representam comerciantes estimam cerca de cinco milhões de demissões, relativas a empregos diretos e indiretos, caso o governo não interfira e ofereça apoio ao setor.

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Rio de Janeiro (Abrasel-RJ), Pedro Hermeto, explica o cálculo:

— Apenas o setor de alimentação fora do lar gera seis milhões de empregos. Sem apoio, a estimativa é que metade seja dispensada em um universo de 60 dias. Somados aos empregos gerados pelo comércio, chegamos a esse dado.

Hermeto, que é dono do restaurante Aprazível, em Santa Tereza, afirma cogitar a demissão de alguns funcionários. Segundo ele, a postergação de pagamento de tributos e a flexibilização de leis trabalhistas não impedem a falência de muitos estabelecimentos, que já estavam debilitados por conta da crise econômica de anos anteriores.

— O ideal seria a concessão de dinheiro do governo a fundo perdido para o custeio da folha de pagamento, ou seja, um auxílio que não precisasse ser pago lá na frente — diz ele: — Fizemos um apelo aos associados da Abrasel para evitar demissões. Mas, com o 5º dia útil chegando, sabemos que 300 empregados já foram mandados embora.

A venezuelana Nardelys Mendonça, de 26 anos, que trabalhava como cozinheira, é um deles. Ela completaria três meses de experiência em abril e já havia recebido feedback positivo para a contratação efetiva. Mas o cenário mudou:

— Eles optaram por me dispensar. Mas disseram que depois que isso tudo acabar, eu tenho chances de voltar.

O presidente da Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (Ablos), Tito Bessa, destaca que muitos estabelecimentos não vão conseguir sobreviver à crise. Segundo ele, 85% das lojas de shoppings são pequenos e médios espaços que contam com o fluxo diário de caixa para manter seu funcionamento. No entanto, ele alerta que o enxugamento no quadro de colaboradores e até medidas menos drásticas, como a redução dos salários e das jornadas podem ser bastante prejudiciais à economia.

— Hoje, os consumidores só estão preocupados com comida e saúde. O consumo deve cair em 50%. Sem renda, como as pessoas vão continuar comprando? Isso pode trazer uma recuperação bem lenta — lamenta ele: — Temos que encontrar um caminho para evitar as mortes, mas também para evitar o desemprego.

Para o antropólogo Michel Alcoforado, a pandemia promove a reorganização de básico e supérfluo para os consumidores, o que pode mudar as relações comerciais daqui para frente:

— A ida àquele restaurante após um dia ruim e o horário agendado com o barbeiro gourmet viram supérfluos da noite para o dia. Com isso, o varejo vai ser impactado. O desespero vem disso. Se a quarentena durar meses, temos que refletir como isso vai impactar a forma como nos relacionamos com as marcas.

Muito tem se discutido sobre as medidas econômicas e de saúde neste momento: alguns defendem manter o isolamento por um período maior e controlar o vírus, para somente depois liberar o funcionamento normal do comércio, enquanto outros acreditam que o melhor seria iniciar a reabertura gradual dos estabelecimentos para minimizar prejuízos à economia, mesmo que, com isso, a doença possa contaminar mais pessoas. Para o professor de economia do Ibmec-SP, André Diz, a discussão é irracional, já que o objetivo da economia é gerar o bem-estar dos cidadãos de um país:

— Se o governo fizer uma boa estrutura de recuperação judicial, de aumento de liquidez para as pessoas jurídicas, conseguiremos retomar o crescimento das empresas. As vidas das pessoas, no entanto, não são recuperadas.

O professor ainda ressalta que 64% do Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) têm como origem o consumo nacional. Por isso, ele acredita que, se empresários tentarem proteger o fluxo de caixa por meio de demissões, poderiam comprometer ainda mais o crescimento do Brasil.

Na última sexta-feira (27), o governo anunciou uma linha de crédito emergencial para pequenas e médias empresas, a fim de ajudá-las a pagar os salários de seus funcionários pelo período de dois meses. Na opinião do advogado trabalhista Luiz Calixto Sandes, sócio do escritório Kincaid Mendes Vianna Advogados, isso não é suficiente.


Comunicar erro
Fepi

Comentários

novato