São Tomé das Letras terá relíquia de apóstolo São Tomé vinda direto da Itália; entenda — Foto: Reprodução Paróquia São Tomé Apóstolo / Rubens Custodio
Para comemorar a chegada da relíquia 'Ex Ossibus', a cidade preparou uma programação de grande festa de acolhida que acontece até este domingo.
O fragmento será recebido com toque de sinos e sobrevoará a cidade enquanto cai uma 'chuva' de pétalas de rosas.
Uma carreata sairá da Fazenda do Bonelo em direção ao portal da cidade. Logo depois, a relíquia será levada em uma procissão até a Igreja Matriz.
Muitos moradores de São Tomé das Letras devem participar da celebração com enfeites nas casas por onde a procissão deve passar.
São Tomé das Letras enfeitada para acolhida da relíquia do apóstolo São Tomé — Foto: Maíra Aragão
Quem foi o apóstolo
São Tomé.
Antes de entender como a peça chegará à cidade sul-mineira, é importante saber quem foi Tomé, um dos doze apóstolos escolhidos por Jesus Cristo.
O Padre Edson Pereira Oliveira, de São Thomé das Letras, fala sobre cada ponto dessa história em um texto baseado em estudos bíblicos.
Conforme o documento, Tomé era judeu da Galileia e, como outros discípulos, acredita-se que também era pescador.
No entanto, há fontes que dizem que era arquiteto e construtor de pontes.
Entrada de São Tomé das Letras — Foto: Prefeitura de São Tomé das Letras
Durante a caminhada de aproximadamente 3 anos ao lado do mestre, Tomé aprendeu e foi preparado para ser um dos futuros líderes da igreja.
Segundo a tradição, o apóstolo recebeu a missão de evangelizar. Ele fundou a primeira comunidade cristã na Babilônia e chegou a ser perseguido por líderes religiosos. Por fim, conquistou muitos seguidores e, assim, uma fervorosa comunidade cristã surgiu.
De acordo com registros, Tomé teria sido martirizado e morto pelo rei de Milapura, na atual Chennai, na Índia, onde fica o 'Monte São Tomé' e a 'Catedral de São Tomé', supostamente o local de sepultamento dele.
São Tomé esteve
no Brasil,
em São Tomé
das Letras?
O texto de Padre Edson ainda conta sobre uma lenda passada de geração em geração entre indígenas Guarani do Paraguai e do Brasil. Lenda essa que teria sido registrada por espanhóis e jesuítas no século XVI.
Segundo os relatos, muito antes dos europeus, "um homem alto, de barba branca e extraordinariamente sábio chamado Pai Sumé ou Pai Zumé [Padre Tomé] veio caminhando sobre o oceano para ensinar a arte da agricultura, semear milho e mandioca, além do uso da erva-mate".
Portal de São Tomé das Letras (MG) — Foto: Reprodução
O homem sábio teria falado sobre religião e deixado ensinamentos por onde passou. Após cumprir a missão entre os indígenas, ele teria voltado para o mar, deixando rastros dos passos nas rochas "em vários locais ao longo da costa e interior do continente sul-americano".
"Os primeiros jesuítas que chegaram ao Brasil estavam convencidos de que Tomé tivesse passado por aqui em sua viagem às Índias. Eles notaram esta lenda entre os 'índios' que um grande mensageiro de Deus teria passado em tempos históricos, a quem chamavam de 'Sumé'".
Ainda conforme o texto de Padre Edson, os registros afirmam que algumas pegadas vistas são, em sua maioria, reais. No entanto, não há confirmações de que se tratavam de sinais do apóstolo e, sim, de um tipo de gravura ou pintura rupestre comum na América do Sul.
"No Brasil, tais pegadas ainda são encontradas, por exemplo, no estado do Piauí, em Domingos Mourão, Brasileira, Inhuma, Piripiri, Pimenteiras, Oeiras e outros locais. No Amazonas, encontra-se em São Gabriel da Cachoeira. No estado de Minas Gerais, em São Thomé das Letras (pinturas rupestres). Na Paraíba, em Ingá. No Pernambuco, em Altinho. E no Maranhão, em Carolina, entre outros", afirmam registros.
Relíquias de São Tomé
Seguindo o estudo, fontes antigas afirmam que São Tomé foi martirizado em Madras na Índia, onde foi construída sobre o seu túmulo uma suntuosa catedral-basílica.
"Mais tarde, no século XVI, quando os portugueses chegaram àquele país, descobriram a cripta onde esteve sepultado o corpo de São Tomé, bem como suas relíquias, um pouco de sangue coagulado e um pedaço de uma lança que o feriu de morte".
Interior da Catedral-Basílica de São Tomé Apóstolo, em Chennai, Índia — Foto: Reprodução / Joe Ravi
Ainda conforme o documento, há uma crença de que a maioria dos ossos de São Tomé foram levados da Índia a Edessa por um mercador no século IV. As relíquias teriam operado milagres nos dois locais.