Isso aconteceu depois de uma apresentação de um projeto de lei para criar o Dia Municipal do Orgulho Gay. Presidente da Câmara de Andradas grava áudio criticando proposta de lei LGBTQIA+
O presidente da Câmara de Vereadores de Andradas (MG), Paulo César Moreira (PMN), foi denunciado ao Ministério Público por ter registrado um áudio com falas homofóbicas em um aplicativo de mensagens.
Isso aconteceu depois de uma apresentação de um projeto de lei para criar o Dia Municipal do Orgulho Gay.
O projeto foi criado pelo vereador Vinícius Teixeira (PT). Se o projeto foi aprovado, o dia deverá ser comemorado sempre no domingo que antecede a data do aniversário da cidade.
Quando o vereador entrou com o projeto na casa, a ideia era que ele seria lido no dia 21 deste mês e votado na sessão do dia 4 de abril.
Presidente da Câmara de Vereadores é denunciado ao MP por áudio com falas homofóbicas em Andradas
Só que a proposta gerou insatisfação do presidente da câmara, Paulo César Moreira (PMN). O áudio gravado pelo parlamentar circulou em grupos e redes sociais. Na ocasião, o vereador teria dito falas homofóbicas.
"É oração mesmo, pra esse projeto não passar porque é uma afronta. Eu imagino, já é do Vinícius mesmo, ele vai por o máximo de homossexual que ele puder na câmara, que ele já fez isso em outras ocasiões com pessoas que eram a favor dele, então, justamente pra intimidar pro pessoal votar a favor do projeto. Eu, em contrapartida, muito em off, vou tentar colocar o maior número de evangélicos possíveis pra justamente intimidar aqueles que pretendem votar a favor do projeto dele. Porque aí vai ter uma minoria de homossexual lá que é o que ele vai conseguir os da cidade e eu to fazendo esses contatos para lotar", disse o presidente da câmara no áudio.
Ele ainda pede no áudio uma mobilização na câmara para que os demais vereadores sejam intimidados.
"Então, vamos supor, lá na câmara, vocês não vão fazer nada. Vocês só vão assistir a sessão. Não vai votar, não vai dizer que sim, não vai dizer que não, não vai ter palavra, não vai ter nada. Vocês só vão estar presentes pra assistir a sessão que vai ser lido esse tal desse projeto. Aí então eu gostaria já de uma massa grande ali pra já dar uma intimidada no pessoal. É um projeto bastante delicado e quanto mais evangélico tiver, mais chance a gente tem desse projeto não passar", disse no áudio o presidente da câmara.
O projeto de lei acabou entrando em tramitação na câmara e foi lido na sessão da última terça-feira (7). Durante o uso da palavra, o vereador Vinícius Teixeira destacou a importância da lei e a gravidade da fala do presidente da casa.
"Afronta é ser homofóbico, mesmo depois de toda luta empreendida pela comunidade LGBTQUIA+. Afronta é fazer esse tipo de fala mesmo sabendo que é esse tipo de discurso que vai gerar a violência, a morte e a perseguição aos que pertencem a essa minoria", disse o vereador.
Vereador Vinícius Teixeira destacou a importância da lei e a gravidade da fala do presidente da casa.
O presidente da câmara, vereador Paulo César, se defendeu e também usou a palavra durante a sessão. Ele disse que a fala dele foi mal interpretada e não cometeu o crime de homofobia.
"Eu errei na fala, eu peço perdão a todos que nos assistem, aos que aqui estão, talvez eu tenha sido mal interpretado e quero deixar registrado aqui o meu pedido de perdão. Muito pelo contrário, eu tenho amigos homossexuais que me dou muito bem com eles e esse projeto, deveria ser um projeto contra o preconceito e a favor do respeito, mas por toda vida e não um projeto que prevê um dia apenas", disse o presidente da câmara.
O projeto deverá agora entrar em votação no dia 21 de abril. Enquanto isso, o vereador Vinícius disse que já denunciou o presidente da câmara para o Ministério Público.
