Capitólio:
'EstĂĄ difĂcil, mas
muito grata
porque a gente
renasceu', diz
sobrevivente
às vésperas da
tragédia completar 1 semana
Fotógrafa, que estava em uma das lanchas atingidas por paredão, foi uma das trĂȘs pessoas ouvidas pela PolĂcia Civil nesta sexta-feira (14).
Ao todo, 17 depoimentos jĂĄ foram realizados. Ana Costa e Alexandre Campello, sobreviventes da tragédia em Capitólio, prestaram depoimento nesta sexta-feira (14)
"Ao mesmo tempo em que estĂĄ difĂcil, eu estou muito feliz, muito grata. Porque eu acho que – acho, não, tenho certeza – que a gente renasceu. É um misto de sentimentos, mas é muita gratidão de poder estar aqui. Os ferimentos não são nada perto do que a gente passou. Foi um pesadelo, mas passou. E a gente vai levando um dia de cada vez e agradecendo a todo mundo, por Deus, por a gente poder estar aqui vivos."
O desabafo é da fotógrafa Ana Costa, de 49 anos, uma das sobreviventes da queda do paredão em Capitólio. Com braço quebrado e curativos, às vésperas de a tragédia completar uma semana, ela carrega no corpo as marcas do acidente.
A fotógrafa, que estava com a famĂlia em uma das lanchas que afundaram após a queda do paredão no Ășltimo sĂĄbado (8), foi uma das trĂȘs pessoas ouvidas pela PolĂcia Civil nesta sexta-feira (13) em Belo Horizonte. Ao todo, 17 depoimentos jĂĄ foram realizados.
PolĂcia não descarta nenhuma
linha de investigação na
tragédia de Capitólio
"Eu acho que o que a gente tem que pensar é daqui para frente. Tem que ver quais as medidas de segurança que tĂȘm que ser tomadas, manter uma distância maior dos paredões, colocar obrigatoriedade do uso do colete salva-vidas para todos, porque os coletes com certeza salvaram as crianças. Tem que pensar daqui para frente, mas eu acredito que tenha sido uma fatalidade", disse ela.
Segundo Ana, apenas as crianças e idosos foram orientados a usar o colete salva-vidas. Os filhos, de 9 e 11 anos, usavam o equipamento. Ana conseguiu salvar um dos meninos e o marido, Alexandre Campello, resgatou a outra criança.
Destroços de uma lancha após a queda do paredão em cima dela: Dez mortos
O jornalista, de 51 anos, também prestou depoimento nesta manhã. O casal conta que, antes da tragédia, viu pedras caindo do cânion. Após o alerta de uma amiga delas, o marinheiro começou a manobrar a lancha para se distanciar do paredão. Mas não houve tempo.
"As pedras caĂram, a gente viu realmente. Mas, para mim, no momento que eu vi, eu achei absolutamente normal porque, como vocĂȘ estĂĄ próximo do paredão, vocĂȘ não consegue ver a fissura lĂĄ em cima. As lanchas que estavam mais distantes conseguiam ver a fissura, mas a gente, não. Eles começaram a gritar, mas a gente também não escutou", disse.
Mãe lembra acidente
em Capitólio
e reencontro com filhos feridos
Demora no resgateAssim como Ana, Alexandre acredita que se tratou de uma fatalidade. Mas ele reclama da demora no socorro e disse que houve "falha" no resgate.
"Eu não tenho a dimensão exata do tempo, mas ficamos mais que meia hora aguardando o socorro da Marinha e não teve socorro nenhum. Até que chegou ao ponto que os próprios barqueiros falaram: 'Vamos colocar todo mundo que estĂĄ ferido no barco e vamos levar para terra'. Se não fosse isso, a gente ia ficar lĂĄ infinitamente aguardando", afirmou.
O g1 Minas entrou em contato com a Marinha, que não havia se posicionado até a Ășltima atualização desta reportagem.