Advogados relatam dificuldade para manter contato com brasileira presa na Tailândia

Por Jornalista Alair de Almeida, Diretor e Editor do Jornal Região Sul em 13/04/2022 às 13:45:41

Mãe da jovem, que lutava contra um câncer, morreu na manhã desta quarta-feira e advogados tentam contato em presídio na Tailândia. Entenda: brasileiros presos por tráfico na Tailândia

Advogados da brasileira Mary Hellen, presa na Tailândia por tráfico de drogas em fevereiro, relatam dificuldades em manter contato com ela. Até o momento, a jovem de 21 anos, de Pouso Alegre (MG), só conseguiu se comunicar com a família por meio de uma carta, que teria sido escrita por outra pessoa.


"Difícil demais, demoram para responder. Até hoje a família não teve contato direto com ela. O contato é geralmente por e-mail, a resposta demora mais de 24 horas para chegar. Sempre dizem que estão fazendo o possível, mas não conseguimos avançar", disse a advogada Talita Franco, que faz parte da equipe que defende a jovem.

A mãe da jovem, que lutava contra um câncer, não resistiu à doença e morreu nesta quarta-feira (13) em Pouso Alegre. O velório acontece durante o dia e o sepultamento será às 16h.

"A Thelma, lutou com todas as forças para tentar ver a filha. Em razão do fuso horário é possível que o contato seja feito após o enterro. Mas já encaminhamos um e-mail para a embaixada e também estamos tentando contato com o Samut Prakan (a prisão em que se encontra recolhida Mary Hellen). Sem sucesso até o momento, como disse acredito que em razão do fuso horário. Para darmos a notícia de maneira mais respeitosa e sensível", disse a advogada Kaelly Cavoli Moreira, que também defende a jovem no Brasil.

Segundo os advogados, as cartas entre a jovem e os familiares estão sendo trocadas porque a superlotação nas prisões da Tailândia e a pandemia de Covid-19 dificulta a realização de chamadas de vídeo.

Carta para a família

Na semana passada, a brasileira enviou uma carta para os familiares de Pouso Alegre (MG). A informação foi repassada pelo advogado Telêmaco Marrace, que é um dos profissionais que compõem a defesa da jovem de 21 anos.

Segundo o advogado, a carta foi escrita em inglês para facilitar o entendimento das autoridades locais. Telêmaco contou que uma lei do país pune as pessoas que criticam o rei da Tailândia. A pena pode chegar a 15 anos de prisão.

"São vários presos de diferentes nacionalidades. Se cada preso escrever uma carta em seu idioma, dificultaria um pouco o acesso das autoridades para ter o conteúdo dessas cartas. Lá existe uma lei, chamada de Lei "lesa-majestade". Nessa lei não tem como ninguém fazer qualquer crítica ao rei da Tailândia. Isso é levado severamente. Uma critica ao rei da Tailândia pode gerar uma pena de 15 anos", explicou Telêmaco.

Brasileira presa na Tailândia envia carta à família em MG: 'Espero ver vocês o mais rápido possível'

Na mensagem, a jovem fala sobre a saudade da família. Além disso, ela também disse que se sente melhor, mas que às vezes não consegue dormir.

"Eu estou pensando muito no meu caso. Eu não conseguia dormir de noite porque me preocupo muito. Obrigada por se lembrarem de mim e agradeço aos meus amigos por tentarem me ajudar com os advogados. Eu vou cuidar de mim. Tenho aqui dois amigos para me ajudarem. Eu estou muito melhor agora, espero ver vocês o mais rápido possível".

Mary Hellen, jovem moradora de Pouso Alegre presa na Tailândia

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Na mensagem, a jovem também envia beijos e abraços carinhosos aos familiares e amigos. Ela ainda diz que espera que a família e os amigos respondam sua carta e finaliza dizendo que vai sonhar com todos eles.

"Manda um beijo ao meu avô e para minha avó. Lembro de todos vocês no Brasil. Mãe, eu amo você tanto e espero que você melhore logo. Um grande obrigado a todos do Brasil por me ajudarem. Estou muito feliz agora. Espero que minha família e todos os amigos me respondam. Me faz sentir muito feliz e sorrir todo dia. Vou sonhar com vocês todas as noites".

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Segundo o advogado de Mary Hellen, as cartas entre a jovem e os familiares estão sendo trocadas porque a superlotação nas prisões da Tailândia e a pandemia de Covid-19 dificulta a realização de chamadas de vídeo. Ele disse que não sabe quem escreveu a carta para Mary Hellen, mas acredita que ela tenha contado com a ajuda de organizações que atuam no presídio e no país.

O advogado também informou que em breve haverá uma audiência preliminar com a jovem, mas ainda não há data confirmada. A defesa também reforçou que já encaminhou a documentação sobre o perfil de Mary Hellen. O objetivo é comprovar a idoneidade moral dela, reforçar o perfil de trabalhadora, além de provar que ela não possui envolvimento com tráfico de drogas.

Ainda de acordo com o advogado, a defesa acredita que a jovem tenha entrado como "mula" e não sabia da existência da droga dentro da mala. Para ele, a carta enviada para a família comprova que Mary Hellen está com a saúde física e mental íntegras.

Carta enviada por Mary Hellen para família em Pouso Alegre (MG)


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Entrou no país de 'mula'

"A Mary Hellen entrou de "mula", com possibilidades de não ter conhecimento do que levava", afirmou.

Telêmaco acredita que Mary Hellen tenha ido para a Tailândia como 'mula', ou seja, apenas transportou a droga apreendida no aeroporto de Bangkok. Em entrevista ao g1, o advogado explicou como é feito o aliciamento de jovens para o tráfico de drogas. O foco são mulheres fragilizadas.

Estes garotos são aliciados pelos emissários dos grandes traficantes que ficam em "baladas". Uma outra estratégia que utilizam é o chamado "Angel", que funciona da seguinte forma: o emissário do traficante cria perfis no Tinder, Instagram e Facebook... É o "cara". Jogam a isca e simulam uma paixão...Daí as garotas são convidadas para uma viagem internacional e eles enchem a mala com drogas no fundo falso. Muitas vezes as gurias entram numa fria e realmente são inocentes. E com os rapazes, a promessa é de vida boa...Carros, riqueza etc...", explicou.

A família não sabia da viagem internacional e do suposto envolvimento dela com as drogas. Segundo Mariana Coelho, irmã de Mary Hellen, ela tinha informado que iria viajar para Curitiba, mas não contou o motivo. A irmã pensava que ela teria ido ao encontro de um possível namorado.

Entenda o caso

Mary Hellen Coelho Silva foi detida em fevereiro deste ano com outro brasileiro no aeroporto de Bangkok com 9 kg de cocaína. A droga estava escondida dentro de um compartimento oculto das três malas que eles carregavam. Outros seis quilos da droga estavam com outro suspeito, que foi preso horas depois. Os três são investigados por tráfico internacional de drogas.

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O Itamaraty informou que, por meio da embaixada de Bangkok, acompanha a situação e presta toda assistência aos brasileiros.

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A Tailândia é um dos países onde o tráfico de drogas pode ser punido com pena de morte, dependendo da quantidade e das circunstâncias.


Fonte: G1 Sul de Minas e Itamaraty

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