Caso Pavesi: julgamento de mĂ©dico acusado por morte e retirada ilegal de órgãos serĂĄ retomado nesta terça-feira

Por Jornalista Alair de Almeida, Diretor e Editor do Jornal Região Sul em 19/04/2022 às 07:36:40

BH:JĂșri condena médico a 21 anos de prisão


JĂșri começou nesta segunda-feira (18). Seis testemunhas e o réu foram ouvidos. Médico Álvaro Ianhez (imagem de arquivo)


O julgamento de Álvaro Ianhez, um dos médicos acusados pela morte e retirada ilegal de órgãos do menino Paulo Veronesi Pavesi, em abril de 2000, em Poços de Caldas, no Sul de Minas, serĂĄ retomado na manhã desta terça-feira (19).

O inĂ­cio da sessão, no Tribunal do JĂșri, em Belo Horizonte, estĂĄ previsto para as 8h30.

Caso Pavesi: começa em BH julgamento de médico acusado por morte e retirada ilegal de órgãos

O jĂșri começou na segunda-feira (18) com o depoimento da Ășnica testemunha de acusação, o pai do menino, Paulo Airton Pavesi. Depois, cinco testemunhas de defesa foram ouvidas.

Por fim, foi a vez da oitiva do réu. A sessão foi suspensa por volta das 20h.

Todas as testemunhas e o réu foram ouvidos virtualmente. Álvaro Ianhez estava em São Paulo, em endereço particular. Havia testemunhas de defesa em Poços de Caldas, Campinas (SP), Porto Alegre (RS) e CruzĂ­lia, no Sul de Minas. JĂĄ o pai de Pavesi estava em Milão, na ItĂĄlia.

Nesta terça-feira, o julgamento teve alegações da acusação e da defesa antes da decisão dos jurados. Quatro mulheres e trĂȘs homens compõem o conselho de sentença.

Julgamento do médico Álvaro Ianhez, em Belo Horizonte, nesta segunda-feira

Segundo a denĂșncia do Ministério PĂșblico, Álvaro e outros acusados agiram com intenção de forjar e documentar a morte de Paulo Pavesi para a retirada ilegal de órgãos.

"Ele é o médico responsĂĄvel pela retirada dos órgãos. Ele era o médico que era o diretor da Santa Casa onde se fazia o transplante de órgãos. Ele é o dono da clĂ­nica onde era feito o transplante ilegal de rim", disse o advogado da famĂ­lia, Dino Miraglia.

"Ele estava presente desde a hora que em que ele (Pavesi) foi transferido de um hospital para outro sem a menor necessidade e quando anestesiaram o menino pra fazer retirada de órgão. Se o menino estava com morte cerebral, para que anestesiou? Anestesiou porque não tinha morte cerebral. Se não tinha morte cerebral, não podia ter transplante", completou o advogado.

Médico acusado de morte de Paulo Pavesi hĂĄ 22 anos é julgado por videoconferĂȘncia. Condenação é de 21 anos.

O julgamento de Álvaro deveria ter ocorrido em outubro do ano passado, mas foi adiado após o médico dispensar os oito advogados que trabalhavam em sua defesa.

O processo dele foi desmembrado dos outros médicos acusados devido a um agravo que deveria ser julgado. Em janeiro de 2021, outros dois médicos, José Luiz Gomes da Silva e José Luiz Bonfitto, foram condenados a 25 anos de prisão. JĂĄ Marcos Alexandre Pacheco da Fonseca foi absolvido pelo jĂșri.

Caso Pavesi: Justiça condena dois médicos a 25 anos de prisão; um é absolvido

Caso Pavesi

O caso Pavesi teve como inĂ­cio o ano 2000, quando os médicos José Luis Gomes da Silva, José Luis Bonfitto, Marco Alexandre Pacheco da Fonseca e Álvaro Ianhez foram denunciados pelo Ministério PĂșblico por homicĂ­dio qualificado de Paulo Veronesi Pavesi, que na época tinha 10 anos.

Paulinho Pavesi morreu aos 10 anos após cair, passar por cirurgia e ter os órgãos removidos

Paulo Pavesi/ Arquivo Pessoal

Conforme a Justiça, os quatro médicos teriam sido responsĂĄveis por procedimentos incorretos na morte e remoção de órgãos do garoto, após ele cair de uma altura de 10 metros no prédio onde morava. O exame que apontou a morte cerebral teria sido forjado, e o garoto ainda estaria vivo no momento da retirada dos órgãos.

Os quatro negam qualquer irregularidade, tanto nos exames quanto nos transplantes aos quais o garoto foi submetido. O caso foi desmembrado e transferido de Poços de Caldas para Belo Horizonte em agosto de 2014, a pedido do Ministério PĂșblico, para evitar a influĂȘncia econômica e social dos médicos sobre os jurados.

Outros condenados

Outros trĂȘs médicos acusados de participação no caso, Sérgio Poli Gaspar, Celso Roberto Frasson Scafi e ClĂĄudio Rogério Carneiro Fernandes, chegaram a ser condenados em 1ÂȘ instância em 2014 por participação no caso.

A sentença foi anulada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais em maio de 2016, que entendeu que o caso deveria ter sido julgado por um jĂșri popular, e o processo retornou para Poços de Caldas.

Em setembro de 2021, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal restaurou a sentença original que condenou os trĂȘs médicos. Isto aconteceu porque, por 3 votos a 1, o STF decidiu que o crime de remoção de órgãos não deve ser julgado por jĂșri popular, e sim, pela vara criminal responsĂĄvel.

No recurso ao STF, o Ministério PĂșblico disse considerar que o caso é de competĂȘncia da Vara Criminal e que, por isso, a condenação dos médicos era vĂĄlida. O MP argumenta que o crime de remoção de órgãos é previsto na Lei de Transplantes, e que a morte deve ser vista como uma "consequĂȘncia" no julgamento desse crime especĂ­fico.


Fonte: G1 Sul de Minas e Poder JudiciĂĄrio

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