Com prejuízo mensal de R$ 700 mil, Santa Casa pode reduzir atendimentos em Poços de Caldas

Por Jornalista Alair de Almeida, Diretor e Editor do Jornal Região Sul em 07/07/2022 às 21:10:12
Hospital está com as contas no vermelho. De acordo com a administração, falta dinheiro, faltam profissionais e a demanda por atendimentos está muito alta. Dificuldades financeiras podem fazer Santa Casa reduzir atendimentos em Poços de Caldas

A Santa Casa de Poços de Caldas está com dificuldades para manter os atendimentos na unidade. De acordo com a administração, falta dinheiro, faltam profissionais e a demanda por atendimentos está muito alta. Conforme a diretoria, as contas do hospital estão no vermelho, com um rombo de R$ 700 mil por mês.

O hospital encaminhou um ofício para a câmara de vereadores, descrevendo a situação e dizendo que a única solução para os problemas enfrentados hoje é receber mais dinheiro.

O ofício da Santa Casa foi encaminhado também para autoridades estaduais e municipais de saúde e para o ministério público.

Algumas medidas já foram implantadas. Desde o fim do mês passado, pacientes crônicos, que necessitam de leitos de longa duração, estão sendo encaminhados para Santa Casa de caldas.

"Caldas tem 10 leitos de pacientes crônicos e, como a lei nos permite isso, vamos começar a enviar pacientes para Caldas", disse o Superintendente da Santa Casa, Ricardo Sá.

"Nós já realizamos uma primeira reunião com a Santa Casa de Poços de Caldas no início deste mês. Vimos algumas demandas a serem atendidas pelo nosso hospital. Essas demandas já foram providenciadas e nos próximos dias teremos uma nova reunião para acertar finalmente o encaminhamento desses pacientes para os leitos de transição para a Santa Casa de Caldas", comentou o administrador da Santa Casa, Jeferson Silva Carvalho.

A Santa Casa de Poços de Caldas afirma que vai registrar um boletim de ocorrência toda vez que chegar um paciente que não se enquadra nos critérios da rede de urgência e emergência. A administração não descarta a possibilidade de redução dos serviços não emergenciais.

O Superintendente do hospital afirma que há uma grande defasagem nos valores pagos pelo SUS e que a Santa Casa atende acima da capacidade.

"Nós atendemos uma média de 880 diárias/mês de pacientes. No entanto, nossa ocupação por contrato é de 600. Então, temos quase 300 diárias a mais extrapoladas e ainda por cima toda tabela defasada", pontuou o superintendente, Ricardo Sá.

Santa Casa de Poços de Caldas

Ainda de acordo com o superintendente da Santa Casa, todas as medidas que foram anunciadas e que já estão sendo implantadas são pra manter a sobrevivência do hospital. Ricardo Sá informou que as contas da Santa Casa tem fechado no vermelho, um rombo de R$ 700 mil todos os meses.

"Temos uma tabela SUS que remunera entidades filantrópicas congelada há 15 anos sem nenhum reajuste. Tudo isso prejudica as entidades filantrópicas, porque os aumentos continuam existindo, a inflação continua existindo, os reajustes salariais continuam existindo. No entanto, a gente não tem o repasse devido proporcional àquilo que os hospitais fazem pela tabela SUS", falou Sá.

O hospital também relata que há uma redução no quadro de profissionais de enfermagem e reconhece que esta situação ocorre por causa de baixos salários.

"Hoje a gente paga o menor salário da cidade. Então, a gente uma defasagem salarial da categoria de enfermagem em relação aos outros hospitais. O que ocorre é que as pessoas estão indo aos outros hospitais ao invés de ficar aqui", revelou o superintendente.

O Conselho Regional de Enfermagem (Croen) afirma que não há falta de mão de obra e que a falta de pagamento do piso da categoria faz com que os profissionais busquem outros locais de trabalho.

"Esses profissionais trabalham em plantões, trabalham aos finais de semana, tem que trabalhar feriados. Você tem os riscos ocupacionais que estão presentes no ambiente de trabalho. Isso faz o profissional optar por outra atividade que normalmente tem um salário maior e menos responsabilidade", destacou o fiscal do Coren, Marcos Crúbio.

O Secretário Municipal de Saúde, Carlos Mosconi, já tem conhecimento da situação.

"Enviei um ofício ao governador de Minas Gerais, no dia 31 de maio, relatando essa situação e pedindo alguma solução, alguma ajuda. E enviei também ao Ministério da Saúde no mesmo, relatando esse fato", falou.

Carlos Mosconi informou ainda que se reuniu com secretários de cidades vizinhas para que haja uma ampliação de leitos nestas cidades da para desafogar os atendimentos na Santa Casa de Poços de Caldas.

"Todos eles entenderam, inclusive algumas medidas já foram propostas na reunião. A situação é complexa, difícil e que demanda uma solução de ordem regional. Não é o problema de um hospital, nem é o problema de uma cidade. É um problema de uma região inteira", disse Mosconi.

Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), foi repassado ao Fundo Municipal de Saúde de Poços de Caldas, que é destinado à Santa Casa, mais de R$ 3,8 milhões referentes ao programa Valora Minas.

O Valora Minas é o programa de política de atenção hospitalar do governo mineiro que vincula repasses de recursos a resultados assistenciais que podem ser medidos.

Fonte: G1 Sul de Minas e Prefeitura Municipal

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