Outro ponto levantado pela pesquisa diz respeito à confiança nas vacinas. Os resultados mostraram haver uma disparidade enorme entre esses eleitores. Apenas 38,4% do total dos bolsonaristas concordam que "as vacinas são amplamente testadas e tĂȘm eficĂĄcia comprovada", contra 75% dos eleitores do petista. Além disso, 13% dos eleitores de Bolsonaro disseram que habitualmente tomavam vacinas, mas deixaram de fazĂȘ-lo na pandemia do novo coronavĂrus.
Renda, escolaridade e religião também se mostraram fatores importantes para a adesão às vacinas: 63% dos que recebem até um salĂĄrio-mĂnimo afirmaram que sempre aderiram às campanhas, Ăndice que sobe para 84% entre os que ganham de trĂȘs a cinco salĂĄrios-mĂnimos e para 77% entre os que recebem mais de cinco salĂĄrios. Dos respondentes que concluĂram até o ensino fundamental, a adesão à vacina é de 57%; entre os com o ensino superior, de 81%.
A pesquisa mostrou que o fator renda também influenciou diretamente no tratamento que os pacientes infectados receberam. O chamado Kit Covid (coquetel que inclui Cloroquina, Ivermectina, Azitromicina, entre outros fĂĄrmacos sem comprovação cientĂfica contra a doença), defendido pelo ex-presidente, foi distribuĂdo em maior quantidade para quem ganhava menos de um salĂĄrio mĂnimo (63%) e em menor quantidade para quem recebia acima de cinco salĂĄrios (32%).
Esse percentual também mostra outra disparidade: 66% dos entrevistados que possuem formação até o ensino fundamental afirmaram ter usado kit, entre os que concluĂram o ensino superior o percentual foi 46%. Entre os indĂgenas, o percentual foi 75% em comparação com os "brancos", 48%.
"Parte disso é possivelmente explicada pelo fato de os medicamentos terem sido distribuĂdos de maneira abrangente pelo SUS, que atende prioritariamente pessoas com menor renda. Apenas 3% dos contaminados informam terem se automedicado", apontou a universidade.
A Pesquisa de Opinião Covid-19, Vacina e Justiça, realizada em parceria com o Instituto Ideia, ouviu 1.295 entrevistados, via celular, de todas as regiões do paĂs, com idade igual ou superior a 18 anos. As entrevistas foram feitas entre os dias 5 e 10 de julho, com intervalo de confiança de 95% e margem de erro de 3%, e levantaram opiniões sobre a pandemia de grupos de diferentes condições socioeconômicas, religiões, raças/cores, escolaridades, além da dimensão polĂtica ideológica.
Fonte: AgĂȘncia Brasil e da Redação