Unidade da INB em Caldas poderá receber mais de 1 mil toneladas de lixo radioativo armazenado em São Paulo

Por Marco Antônio Gomes de Carvalho em 01/09/2021 às 15:20:00
Material conhecido como Torta 2 é do mesmo tipo do que já existe armazenado na unidade desativada da empresa no Sul de Minas. Resíduos radioativos podem ser encaminhados de São Paulo para unidade da INB em Caldas

A unidade desativada das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), em Caldas (MG), poderá receber nas próximas semanas mais resíduos radioativos. Cerca de 1 mil toneladas de materiais e equipamentos radioativos que atualmente estão armazenados em uma unidade desativada da empresa em Interlagos, São Paulo, poderá ser removida para a unidade do Sul de Minas.

O Ministério Público instaurou um inquérito civil para apurar a regularização ambiental de materiais e rejeitos radioativos armazenados nessa unidade em Interlagos, que está desativada em 1992. Em resposta, a INB informou ao MP que já iniciou um processo de descomissionamento ou desativação total da unidade. Uma das etapas consiste na retirada das 1.179 toneladas de materiais radioativos.

Segundo a INB, a empresa teria duas opções para o destino do rejeito: levá-lo para Itu (SP), onde há o armazenamento de materiais radioativos ou levá-lo para Caldas, onde já existe o mesmo rejeito, do tipo torta 2.

"O lugar mais adequado em que os recursos de todos nós, meus, seus, nossos impostos, para guardar esse material, é em Caldas. É onde os nossos recursos brasileiros, temos os nossos esforços gastos para manter esse material em segurança lá. Não justifica você ter esse material espalhado por vários lugares. Porque não se consegue, é caríssimo se manter o mesmo controle que nós temos lá, e que nós temos que manter, a população de São Paulo não é diferente da de Minas, então nós temos que manter o mesmo controle que nós temos em Caldas em São Paulo, para uma parcela muito pequena de material, isso é importante que seja dito, a parcela de material lá é muito pequena em relação ao material que nós temos em Caldas. Do total de 100%, nós temos 95% lá em Caldas, já está lá, e nós temos coisa de 3%, 4%, lá em Interlagos", disse o assessor de licenciamento nuclear e ambiental da INB, Edmundo Ribeiro Filho.

Unidade da INB em Caldas poderá receber mais de 1 mil toneladas de lixo radioativo armazenado em São Paulo

Divulgação/INB

Esse transporte deverá ser feito somente no segundo semestre de 2025, mas já preocupa as autoridades locais. O assunto já é debatido tanto na câmara municipal quanto na prefeitura. A associação "Aliança em Prol da Terra Branca" já se movimenta para que o rejeito não seja levado para Caldas.

"Nós já estamos eventualmente adotando medidas de análise para um eventual ingresso de uma ação judicial em face da União e da INB para que impossibilite ela de trazer esse material para cá, justamente porque o material que já está acondicionado nas instalações da INB já se encontra em fase de deterioração, o armazenamento já está inadequado, já existem três ações, duas em âmbito estadual e uma em âmbito federal, em que falam de vazamentos de todo o material desse torta 2 que já está armazenado aqui, então seriam ações catastróficas trazer mais esse material radioativo aqui para a cidade", disse o advogado da associação, Bruno Elias Bernardes.

O Poder Legislativo já aprovou nesta semana uma moção de repúdio para a INB, para o Ministério Público Federal e também para outras autoridades, também vai orientar que municípios por onde esse material poderá passar que criem legislações ambientais que impeçam esse transporte. Em Poços de Caldas, a câmara se organiza para realiza uma audiência pública sobre esse assunto.

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