Rapper encontra na música meio de superar morte do filho: 'Arte é a forma mais direta de tocar pessoas'

Por Marco Antônio Gomes de Carvalho em 05/01/2022 às 08:08:46
Paulo Paulo Mambelli Fernandes tem 20 anos e tem cerca de 100 músicas escritas, aproximadamente 20 disponíveis na internet e sete em plataformas digitais. O jovem de Varginha (MG) canta rap desde os 16 anos. Cantor de rap encontra na música meio de superar morte do filho: "Arte é a forma mais direta de tocar pessoas e é isso que motiva"

Arquivo pessoal

A música proporciona diversos efeitos no corpo. Uma melodia combinada de bons versos podem permitir emoções, sentimentos e resgatar boas memórias. Mas além de apenas escutar, produzir música pode transformar a vida de uma pessoa. Para Paulo Mambelli Fernandes, não só a música, mas a arte de uma forma geral, é a maneira mais direta de tocar as pessoas. E foi esse talento que o ajudou a superar a perda do filho de nove meses.

Paulo tem 20 anos e tem cerca de 100 músicas escritas, aproximadamente 20 disponíveis na internet e sete em plataformas digitais. O jovem de Varginha(MG) canta rap desde os 16 anos. Paulo perdeu o filho por morte súbita e ele conta que o trabalho com a música o ajuda diariamente aliviar a dor.

"Fiquei um período sem produzir. Depois de um tempo, voltei a compor e cantar, participar de podcasts, lives em redes sociais e sigo preparando meus lançamentos para 2022. Essa volta não é só como forma de expressão, mas também como analgésico, para lidar com toda dor. A arte é a forma mais direta de tocar pessoas e é isso que motiva", afirma.

O rapper conta ainda que, quando soube que ia ser pai, foi o momento de maior impacto na sua carreira.

“Por ser muito novo na época, não soube lidar nem com o que eu esperava da minha carreira e tão menos com a paternidade. Mas entendi que a partir daquele momento meu foco era o bem estar e segurança do meu filho, mesmo que eu não me sentisse capaz para tal ato", contou.

Após a morte da criança, desligar de tudo foi a melhor opção. "Mas, em certo momento, a chama reacendeu. O que me mantém vivo é a arte. O rap é a consequência desse emaranhado e o hiphop é o meu mantra, tal como religião", afirma.

Cantor de rap encontra na música meio de superar morte do filho: "Arte é a forma mais direta de tocar pessoas e é isso que motiva"

Arquivo pessoal

O começo

O contato com essa cultura vem desde os 14 anos. Mas a relação com a arte começou com o tempo, através da poesia e da escrita poética na escola. O rapper se apaixonou pela possibilidade ter um espaço seu, onde as palavras e escolhas se uniam para dar forma e expressão aos seus pensamentos.

“O texto se tornou o meu forte, é o meu espaço, minha liberdade de expressão. É onde crio versos que me representam, então já entendia que era a arte que trazia sentido para as minhas ações e pensamentos", contou.

Em 2017 surgiu a oportunidade de conhecer uma batalha de rap, que foi o ponto de partida para despertar o desejo de profissionalizar todo seu talento. Foi o momento que ampliou a visão do cantor pelos contatos e amizades que fez naquele ambiente.

Cantor de rap encontra na música meio de superar morte do filho: "Arte é a forma mais direta de tocar pessoas e é isso que motiva"

Arquivo pessoal

Construindo a carreira

O primeiro passo foi mostrar algumas poesias antigas para profissionais. Eles incentivaram que o rapper reunisse suas poesias em batidas para ver o resultado, então ele seguiu expondo seus trabalhos em suas redes sociais.

O medo era dos possíveis julgamentos. Mas, como surpresa, o apoio veio do Nordeste do Brasil, onde conheceu o primeiro produtor que confiou no seu trabalho e propôs a ajudar.

"Ele montou uma batida para poesia e me conduziu a uma gravação à distância. Foi tudo de forma simples e com o que eu tinha na época. Gravei pelo microfone de um headset antigo enquanto fazíamos chamada de voz para ele me passar as instruções. O resultado me surpreendeu de uma forma que, desde então, eu entendi que a minha vida só faz sentido se for acompanhada de umas boas batidas", contou.

Nesse mesmo ano, Paulo soltou sua primeira track oficial e, desde então, vem desenvolvendo mais trabalhos. Paulo tem focos artísticos diversificados. Ao mesmo tempo que está no vocal, ele também faz toda a produção.

"O que realmente me motiva é a arte, seja pra fazer um mundo melhor pra nós vivermos, seja pra deixar um mundo melhor pra quem está vindo no futuro. Quero ser um dos artistas mais reconhecidos dentro do hiphop nacional", finaliza.

* Estagiária, sob supervisão de Lucas Soares

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