O número de casos de reinfecção vem aumentando nos últimos dias na região; em Passos, carro do fumacê tem passado pela cidade. A reinfecção do vírus da dengue pode ser pior para um quadro clínico de um paciente do que a primeira infecção. Há casos que levam a vítima da doença a óbito. O número de casos vem aumentando nos últimos dias no Sul de Minas. Em Passos, cidade que tem mais casos, o carro fumacê tem passado pelos bairros.
Com a evolução do vírus transmitido pelo Aedes aegypti, muitas pessoas tem contraído dengue mais de uma vez na vida. A Maria Cândida Brandão Farjalla, de Passos (MG), teve dengue três vezes, mas a cada reinfecção, a doença veio mais forte, principalmente a última.
"Eu senti que ela está cada vez mais agressiva. A primeira vez que eu tive a doença foi leve, só fui perceber depois que eu já estava bem, que eu fui fazer os exames para saber o que tinha e deu dengue. A segunda já me derrubou um pouco mais. Já a terceira, foi mais agressiva, durou 10 dias, tive que ir duas vezes ao hospital da Santa Casa tomar soro, que a minha pressão caía e as plaquetas caíram muito. Então eu sinto que essa dengue está piorando" afirma Maria Cândida.
Segundo o médico infectologista Luiz Carlos Coelho, a dengue possui quatro sorotipos: 1, 2, 3 e a dengue grave. Cada vez que uma pessoa contrai a doença, o corpo cria resistência somente àquele tipo de vírus. Por isso que, a cada reinfecção, a carga viral pode ser mais forte. E pode também levar à morte.
Carro do fumacê passa pelas ruas de Passos, cidade com mais casos de dengue no Sul de Minas
"A gente sabe que uma pessoa que teve dengue já tem um comprometimento imunológico e da pulsão hepática. Se o paciente se reinfectar vai ter uma possibilidade de ter uma carga viral maior. Trazendo complicações piores. A reinfecção tende a ser realmente a mais grave, porém a primeira vez que a pessoa tem dengue também pode ser grave e levar a óbito." explica o médico.
Pensando em reduzir os casos de dengue em Passos e consequentemente as reinfecções, o carro fumacê tem passado pelos bairros. O inseticida disparado é responsável por matar os mosquitos adultos do Aedes aegypti. Mas para o infectologista, as medidas para evitar uma reinfecção devem ir além disso.
"A gente continua trabalhando muito junto com a comunidade em relação a eliminação dos focos de Aedes aegypti. Muito mais do que 80 % desses focos estão dentro dos domicílios, então até que a gente venha a ter a vacina que protege contra os 4 tipos de dengue. A gente continua tendo somente a possibilidade de repelentes, da eliminação de focos de mosquito e de um diagnóstico rápido. Quanto mais rápido for feito o diagnóstico o paciente menos evolui no caso", completou.
