Entre 2011 e 2021, a quantidade de matrĂculas de alunos autodeclarados indĂgenas no ensino superior aumentou 374%. De acordo com o Instituto Semesp, Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação do MEC, a rede privada respondeu pela maioria delas (63,7%), no perĂodo.
O levantamento revela que a modalidade presencial prevaleceu (70,8%), entre os estudantes. Uma das bases a que o instituto recorreu para realizĂĄ-lo foi o Censo da Educação Superior, elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais AnĂsio Teixeira (Inep).
Apesar do crescimento expressivo, o contingente de estudantes indĂgenas, no ano de 2021, era de pouco mais de 46 mil pessoas, o equivalente a 0,5% do total de alunos do ensino superior. Outro dado que o instituto realça é que o gĂȘnero feminino predomina entre os alunos indĂgenas, correspondendo a 55,6%.
Entre os universitĂĄrios que concluĂram as atividades dos cursos e pegaram o diploma, no intervalo de 2011 a 2021, observam-se os mesmos predomĂnios da rede privada (84,4%) sobre a rede pĂșblica de ensino (15,6%) e a da modalidade presencial (80,2%) sobre o ensino a distância (19,8%).
No Ășltimo ano de coleta de dados, 2021, cerca de 8,7 mil estudantes indĂgenas concluĂram o ensino superior, o que representa somente 0,7% do total. No mesmo ano de referĂȘncia, os calouros indĂgenas eram pouco mais de 14 mil.
Até chegar à condição de egresso, porém, hĂĄ percalços que atingem especificamente os alunos indĂgenas, como o idioma, o que, além de levar muitos a abandonar a graduação, faz com que outra parte nem mesmo consiga iniciĂĄ-la. Para a presidente do Semesp, LĂșcia Teixeira, foi a Constituição de 1988 que fez emergir o entendimento de que o acesso à educação deve ser garantido a todos, inclusive aos indĂgenas, e são, hoje, as polĂticas afirmativas que tĂȘm servido a esse fim, corrigindo "equĂvocos anteriores".
Para LĂșcia, o contato entre não indĂgenas e indĂgenas é um ponto positivo, por ser capaz de ampliar o apreço pelas trocas culturais com os povos originĂĄrios. "É essa convivĂȘncia na universidade que faz com que o respeito às diferenças aconteça. E que a gente também possa aprender com eles e não só eles aprenderem na universidade".
Segundo o levantamento da entidade, as ĂĄreas do conhecimento com maior nĂșmero de alunos indĂgenas são Educação e SaĂșde e Bem-Estar, que somam 52,7% das matrĂculas. Entre os cursos presenciais, os que tĂȘm maior procura são Direito (10,6%), Enfermagem (6,7%) e Pedagogia (5,7%). JĂĄ entre os cursos de Educação a distância (EAD), Pedagogia (21,3%) e Administração (7,0%) são os que possuem mais estudantes com esse perfil.
Na opinião de LĂșcia, tais nĂșmeros sobre as preferĂȘncias de cursos revelam uma influĂȘncia do contexto histórico que os povos indĂgenas vivenciaram no paĂs, que envolve um movimento de resistĂȘncia para lhes assegurar direitos. "Direito, por exemplo, denota bem a questão da luta pelos direitos. A questão da saĂșde, que é bem interessante, também é complementar esses saberes, essa rica tradição que eles tĂȘm", diz.
Fonte: AgĂȘncia Brasil e Da Redação