Morador de Ijaci, cidade com pouco mais de 7 mil habitantes no Sul de Minas, Albers Thallysson Santos Borges de 25 anos tem como um dos maiores sucessos as versões "tiktoker" das vinhetas do Fantástico e de "fim de ano" da TV Globo.

Nas redes sociais, os vídeos combinam elementos de comédia, sátira e observação do cotidiano. Em alguns roteiros, há a presença da Taprina, uma mulher fictícia que vive em situações divertidas, mas, ao mesmo tempo, familiares para o público.

E se você se pergunta de onde vem inspiração para tudo isso, Thallysson garante: é uma mistura de situações vividas. Algumas delas ele considera ocasiões comuns para moradores do interior.

"Às vezes, quem mora numa capital não vai entender a história. Vai entender mais ou menos, mas não vai entender a fundo, né? Por exemplo, você ir em uma praça beber de tarde, no fim de semana, porque não tem lugar para ir. É um humor realmente focado no interior", explica.

O "estouro" das produções aconteceu durante a pandemia de Covid-19, quando o sul-mineiro e os personagens criados por ele caíram no gosto do público. E foi na garagem de casa, em Ijaci, que ele entrou em uma maratona de gravação de vídeos para a internet.

"Eu lembro que eu peguei uma vassoura e finquei em um vaso de plantas da minha mãe. Tinha um "pau de selfie" que eu amarrava na vassoura para ter um suporte do celular. E aí, eu comecei a gravar. Eu postava, tipo assim, onze vídeos por dia", contou.

"No TikTok eu abri uma conta, postei um vídeo e nunca mais entrei. Ficou lá.

Depois de um tempo estava com 60 mil visualizações. Eu não tinha seguidor nenhum, nem comprei visualizações. Pensei que estava errado, mas mesmo assim continuei a postar, e aí deslanchou".

Desde então, foi tanto sucesso nos vídeos criados pelo sul-mineiro que, em 2021, Thallysson foi premiado na categoria "Rindo até 2022" do TikTok Awards.

"Eu não tinha dimensão porque, como eu estava trancado [em casa], eu não sabia que um monte de gente me conhecia. [...] No prêmio, eu achava que iria dar errado, mas quando apareceram os indicados e lá tinha um vídeo da personagem de rosa, que é a Taprina, com a amiga dela, o povo gritou muito. E aí, as pessoas foram associando quem eu era", explicou.

Produzindo vídeos sobre humor da vida real e com narrativas do cotidiano do interior, ele reúne atualmente 12,5 milhões de seguidores no TikTok, principal rede em que atua.

E os vídeos continuam com direito até diversos personagens e uma casa especial para gravações.

"Onde eu gravo é em frente de casa, do outro lado da rua. E aí, eu fiz tipo uma casinha para os personagens, sabe? Tipo, tem a caminha rosa, um guarda-roupa.

É a casa pra viver a historinha deles. Eu vou lá todo dia, fico o dia inteiro e volto às nove da noite. Tem dia que eu volto mais cedo, tem dia que eu gravo na rua", explica.

Exclusiva e dona de si, a "blogueira" do interior aceitou o convite do g1 para a primeira entrevista da carreira dela e falou sobre o estilo de vida que leva como um "alter-ego" do criador de conteúdo.

"Queria sair de Ijaci, porém o outro, frouxo, não consegue morar fora.

Então, tenho que morar com ele. E é isso. Eu estou vivendo aqui, namoro algumas pessoas, fico com outras.

E eu passei no vestibular para medicina, mas não fui porque tenho medo de sangue", comenta a personagem.

"Eu não gosto do rosa. Me irrita. O rosa não faz parte da minha paleta de cores. Mas o que não pode faltar numa roupa de blogueira como eu é um shortinho jeans rasgadinho. E não pode faltar o croppedzinho. Já o copo, não tem história, só surgiu", diz Taprina.

Para o futuro, ela tem sonhado com a oportunidade de um reality show e acredita que será convidada para o Big Brother Brasil 2024. E o mais importante, a justificativa para ser selecionada, ela já tem:

"A Taprina é um pouco do que todo mundo é, mas esconde. Só que no fundo é, e tem medo de falar isso. Todo mundo tem um pouco de Taprina em si. Ela é tudo junto. Ela tem seus momentos. Ela vive e tem seus segredos, não vou mentir. Mas ela é isso aqui: é cropped, é copo, é tudo!".