Cidades da região intensificam ações de combate à dengue; infectologista afirma que 80% dos focos são dentro de domicĂ­lios

Por Jornalista Alair de Almeida, Editor e Diretor do Jornal Região Sul em 20/11/2021 às 18:53:25
DENGUE: Perigo à vista...CUIDADO CIDADES...

DENGUE: Perigo à vista...CUIDADO CIDADES...

Cidades da

região

intensificam

ações de combate

à dengue


Infectologista afirma que 80%

dos focos são dentro de

domicĂ­lios


SĂĄbado, 20 de novembro, foi o Dia Nacional do

Combate à Dengue

O infectologista Dr. Luiz Carlos Coelho fala sobre importância das ações dentro de casa, pelos próprios moradores O penĂșltimo sĂĄbado de novembro é considerado o Dia Nacional de Combate à Dengue no Brasil. Em 2020 foram notificados 84.636 casos provĂĄveis e 15 óbitos pela doença em Minas Gerais. Mesmo diante de uma pandemia, cidades da região intensificaram ações de combate ao mosquito Aedes Aegypti e isso refletiu nos nĂșmeros de 2021, que até o momento estĂĄ em 23.636 casos provĂĄveis.

A data, que neste ano foi comemorada no sĂĄbado (20), foi instituĂ­da pela Lei nÂș 12.235/2010. O objetivo principal deste dia é mobilizar iniciativas do Poder PĂșblico, além da participação popular, na realização de ações destinadas ao combate ao transmissor (vetor) da doença, por meio de campanhas educativas e de comunicação social.

Para o médico infectologista Dr. Luiz Carlos Coelho, a dengue continua sendo um problema sério de saĂșde pĂșblica no Brasil. Ele afirmou que 80% ou mais dos focos de Aedes Aegypti são intrafamiliares.

"No perĂ­odo pandĂȘmico nós tivemos de março até agosto de 2020, um impedimento das visitas domiciliares dos agentes de combate à dengue, em função de medidas de contingenciamento. Os agentes continuaram seus trabalhos nos espaços pĂșblicos, em terrenos, e isso fez uma diferença muito grande, porque com as famĂ­lias mais dentro de casa, no perĂ­odo com uma mobilidade urbana menor, nós tivemos a oportunidade com que esses focos fossem mais bem controlados", citou ele.

"A gente começa a ver que em 2021, começou a aumentar o nĂșmero de focos nos domicĂ­lios, que aponta realmente para necessidade que haja um envolvimento maior da população geral" - Dr. Luiz Carlos Coelho.

Prefeitura de Passos iniciou mutirões de

combate ao mosquito da dengue



"Ao mesmo tempo a gente começa a ver que em 2021, começou a aumentar o nĂșmero de focos nos domicĂ­lios. Prova disso são os levantamentos do LiraA, que apontam realmente para necessidade que haja um envolvimento maior da população geral no sentido de tirar pelo menos 15 minutos, uma vez por semana, e dar uma vasculhada dentro do domicĂ­lio, no quintal, na busca de reservatórios de ĂĄgua ou de possibilidade de criadouros de mosquito, para que a gente tenha um enfrentamento mais eficaz", completou o infectologista.

O g1 entrou em contato com as quatro maiores cidades da região e fez um levantamento das principais ações nas cidades para combater os focos do mosquito Aedes Aegypti. Somente a Prefeitura de Pouso Alegre (MG) não retornou nosso contato. Confira abaixo as ações em Varginha, Poços de Caldas e Passos.

Varginha


O terceiro Levantamento de Índice RĂĄpido -LIRAa de 2021, apontou risco médio de infestação do Aedes Aegypti em Varginha (MG). Foram 3.014 imóveis visitados entre 25 e 28 de outubro. Foram encontrados 34 focos do Aedes Aegypti, 01 mosquito Aedes Albopictus. Os bairros com mais focos foram o Parque Rinaldo, Parque Boa Vista e Jardim Sion. Em 2021 são apenas 11 casos provĂĄveis de dengue na cidade; em 2020 foram 85 casos registrados.

VĂĄrias ações foram promovidas pela Vigilância Ambiental durante o ano e ajudaram a não aumentar o nĂșmero. Entre elas, a aquisição de equipamentos de proteção ambiental, implantação de aplicativo e manutenção de programas de georreferenciamento para mais rapidez em identificar imóveis de risco e seus proprietĂĄrios, fornecimento e instalação de tampas de caixas d"ĂĄgua em imóveis de pessoas carentes, intensificação de visitas domiciliares, demolição de imóveis que levavam risco à saĂșde e tratamento com adulticida em todos os quarteirões onde houve casos confirmados.

Prefeitura realiza mutirão contra dengue e

recolhe materiais que possam acumular ĂĄgua

em Varginha


Além disso, um mutirão da dengue é realizado semanalmente, nas quartas-feiras, em um bairro da cidade. Em 2021 jĂĄ foram realizados 35 mutirões de limpeza em 62 bairros, resultando no recolhimento de 336 caminhões e 17 caminhonetes de lixo, além de 3;431 pneus velhos.

A Prefeitura ainda emitiu em 2021, 1.389 notificações para limpeza de lotes vagos, 883 notificações em imóveis com diversas irregularidades, 325 autos de infração, além de ter realizado 291.567 visitas em imóveis e 3.410 vistorias em pontos estratégicos, como borracharias, ferros velhos, desmanches de veĂ­culos, entre outros.

Poços de Caldas


JĂĄ em Poços de Caldas (MG), são 147 notificações de casos suspeitos em 2021, com apenas 4 confirmados. Em 2020 foram 50 notificações de casos suspeitos, com 7 confirmados. A cidade também promove, desde o começo do ano, ações para combater a doença.

Foram realizadas visitas domiciliares bimestrais em todos os imóveis da ĂĄrea urbana do municĂ­pio, executando ações de eliminação de criadouros do mosquito, tratamento quĂ­mico quando necessĂĄrios e orientações aos moradores quanto aos cuidados contra o vetor.

Também aconteceram visitas em pontos estratégicos quinzenalmente. São locais com grande concentração de materiais que favorecem o acĂșmulo de ĂĄgua e desova do mosquito, como cemitérios, ferro velhos, borracharias.

Foram promovidos trĂȘs Levantamentos RĂĄpidos do Índice de Infestação do Mosquito (LIRAa) ao ano, para conhecimento da distribuição espacial e infestação do mosquito e direcionamento das ações.

Além da atividade de bloqueio de transmissão nos casos suspeitos notificados e mutirões de limpeza em bairros com maior infestação do mosquito para remoção de potenciais criadouros do mosquito e orientações aos moradores.

Passos


A Prefeitura Municipal de Passos afirmou que vem realizando diversos mutirões durante o ano, para acabar com os focos dos mosquitos. Mais de 150 toneladas de lixo foram retiradas em toda a cidade com os mutirões. Ao todo, são 120 casos suspeitos em 2021 na cidade, que foi apontada como risco médio de infestação.

Além disso, houve a contratação de agentes de endemias, para suprir as nove ĂĄreas que estavam desfalcadas na cidade. Foram realizadas compras de materiais, equipamentos, EPIs, além de um inseticida auxiliar.

Novo fungicida usado em

Passos promete ser mais

eficiente contra a dengue

"No ano de 2020 nós finalizamos um trabalho de mutirão, logo no fim do ano. Foi um ano relativamente tranquilo no combate à dengue em Passos e no ano de 2021 também estĂĄ sendo tranquilo. Esse ano iniciamos mutirões diferentes do que jĂĄ eram realizados, mutirões de combate à dengue e retirada de materiais inservĂ­veis", afirmou o diretor de SaĂșde Coletiva, Thiago Agnelo de Souza Salum.

O diretor confirmou ainda que para o inĂ­cio de 2022 estão sendo planejados vĂĄrios mutirões na cidade, para retirada de materiais inservĂ­veis e limpeza. As notificações também estão sendo feitas por meio da fiscalização urbanĂ­stica, pela Secretaria de Obras.

"Sabemos que este momento do ano é um momento mais preocupante, onde tem o calor e as chuvas. Então estamos focando para essa questão de eliminação de materiais inservĂ­veis, mexendo nos imóveis das pessoas, de uma forma que limpe as casas, que deixe casas e terrenos limpos", completou o diretor.

Infectologista explica ações

A Dengue é uma doença sazonal, que apresenta aumento de casos entre dezembro e maio. Desde 1980, casos são registrados em Minas. Nos Ășltimos anos, epidemias cĂ­clicas, intercaladas por anos não epidĂȘmicos, tĂȘm sido registradas.

Em 2019, o Estado vivenciou uma epidemia de larga escala com registro de 474.628 casos provĂĄveis, o que afetou, principalmente, os municĂ­pios de abrangĂȘncia das Macrorregiões de SaĂșde Centro, Noroeste, Norte, Oeste, Triângulo do Norte e Triângulo do Sul. Foram registrados, de janeiro de 2010 a setembro de 2020, um total de 886 óbitos confirmados por Dengue, sendo 32% deles em 2016 e 21% em 2019.

"Anualmente, os picos de casos de dengue acontecem normalmente no mĂȘs de abril, que coincide com o perĂ­odo pós chuvas. Então é nesse momento em que a gente começa a ter um perĂ­odo chuvoso é que amplia a preocupação e necessidade de estarmos atentos pros focos, significando que, dessa forma, a gente conseguirĂĄ ter uma redução de danos naquele perĂ­odo", afirmou o infectologista Dr. Luiz Carlos Coelho.

Infectologista Dr. Luiz Carlos

Coelho fala sobre a importância

das ações de combate à

dengue.


O infectologista afirmou que as ações de combate à Covid-19 tiveram uma visibilidade maior nos Ășltimos meses, entretanto, nenhuma das outras ações ficou interrompida.

"Existem metas, obrigações, junto dos órgãos de controle e da própria vigilância epidemiológica, no combate a endemias. A gente tem um plano de enfrentamento das arboviroses, em nenhum momento deixou de acontecer. Evidentemente que se intensificam agora, habitualmente no perĂ­odo chuvoso hĂĄ uma preocupação maior e hĂĄ um trabalho efetivo dos agentes na redução dos focos", explicou Dr. Luiz Carlos.

O médico citou que é muito importante que a população tire ao menos 15 minutos por semana para dar uma vasculhada nos pontos da residĂȘncia, para eliminar focos do mosquito Aedes Aegypti.

"Eventualmente atrĂĄs da geladeira, no reservatório de ĂĄgua, pratinhos de plantas que possam estar com ĂĄgua, tampas e vasilhames no quintal ou em calhas, qualquer que seja a possibilidade de gerar a oportunidade da proliferação do mosquito. A partir do momento que a população sabe que os focos estão dentro dos domicĂ­lios é importante que cada um cuide, de estar atendo para dentro de casa que é um lugar sagrado e que mesmo que tenha a visita dos agentes, na parte interna dos domicĂ­lios a gente pode ter alguma possibilidade de algum reservatório ou de algum criadouro de mosquito que não seja visto pelos agentes", disse o médico.

Ele ainda confirmou que hĂĄ um plano de enfrentamento das arboviroses, junto da Secretaria de Estado de SaĂșde e o Ministério da SaĂșde, que é apresentada pelos municĂ­pios para as ações que serão executadas no ano seguinte em cada cidade.

"Esse plano elenca as ações que serão executadas ao longo do ano seguinte e geram metas a serem cumpridas, buscando encontrar também alternativas de mobilização social, comunicação social, de combate aos focos, bem como cuidando para que a assistĂȘncia seja atualizada. As equipes de atendimento devem estar atentas para sinais de sintomas que possam gerar suspeição de casos de dengue, fazendo com que esse diagnóstico seja precoce e ao mesmo tempo oportunizando testagens para aqueles casos suspeitos e atualizando as equipes de saĂșde sobre o manejo clĂ­nico da doença", encerrou o médico.

População deve ficar atenta aos focos do mosquito dentro das residĂȘncias.

Prefeitura de Arcos/Divulgação

Arcos 81 anos: fique por dentro dos eventos comemorativos - Prefeitura Municipal de Arcos


Ações coordenadas em Minas

Em março deste ano, o Ministério PĂșblico de Minas Gerais (MPMG), o Estado de Minas e a Associação Mineira dos MunicĂ­pios (AMM) renovaram o Termo de Cooperação Técnica (TCT) n° 25 de 2016 que prevĂȘ a integração destas instituições na promoção de ações coordenadas de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor, não apenas da Dengue, mas também da Zika e da Chikungunya.

As doenças são denominadas arboviroses urbanas, que podem gerar outras enfermidades, como microcefalia e sĂ­ndrome de Guillain-Barré.

Entre as principais ações propostas no TCT, estão: a intensificação da fiscalização dos recursos financeiros empregados no combate ao mosquito; o levantamento e a promoção de ações de fiscalização em imóveis fechados, abandonados ou com recusa imotivada; a definição de estratégias judiciais para garantia de acesso a esses imóveis; a promoção de reuniões com ĂȘnfase na mobilização social para o enfrentamento do vetor; e a orientação das ações municipais no enfrentamento ao Aedes aegypti, inclusive, objetivando a utilização eficiente dos recursos pĂșblicos.

Fonte: G1 Sul de Minas e Prefeituras Municipais

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