Queda de rocha em Capitólio: polícia alega complexidade e pede mais 30 dias para concluir investigação

Acidente de Capitólio que deixou dez mortos

Por Jornalista Alair de Almeida, Editor e Diretor do Jornal Região Sul em 07/02/2022 às 17:43:58

Queda de


rocha em


Capitólio:


polícia alega


complexidade e


pede mais


30 dias para


concluir


investigação


Delegado detalhou sobre as oitivas e andamento do processo. Acidente que vitimou 10 pessoas completa um mês nesta terça-feira (8); relembre a tragédia. Equipes de peritos foram até Capitólio entender o que provocou o deslocamento da rocha que matou 10 pessoas



Polícia Civil/Divulgação

Após alegar complexidade nas apurações, a Polícia Civil de Minas Gerais solicitou à Justiça nesta segunda-feira (7) mais 30 dias para concluir o inquérito sobre a rocha que se desprendeu de um cânion e matou 10 pessoas em Capitólio no dia 8 de janeiro. Nesta terça-feira, o acidente completa um mês.

O foco da apuração é tentar entender o que provocou o deslocamento da rocha e, principalmente, se era possível ter previsto a tragédia com 10 mortes. Todas as vítimas foram identificadas pela Polícia Civil. Um vídeo mostra o momento em que a rocha atinge as lanchas (veja abaixo).

O g1 entrou em contato com o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) e solicitou uma nota sobre o pedido da ampliação do prazo, mas não houve retorno até a última atualização desta reportagem.

Tragédia em Capitólio -


relembre os principais


pontos


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Pedido de prazo

Em entrevista nesta segunda, o delegado Marcos Pimenta, que preside as investigações, disse que 50 pessoas já foram ouvidas dentro do processo, perícias no local da tragédia e nas embarcações já foram realizadas e os laudos estão sendo aguardados.

"Já consta no bojo do inquérito policial as 50 oitivas, incluindo testemunhas, turistas, empreendedores, representantes do poder Executivo de municípios da região, engenheiros, dentre outros. Também estão presentes no inquérito solicitações de informações técnicas ao Supram [Superintendência Regional de Meio Ambiente], IEF [Instituto Estadual de Florestas], Igam [Instituto Mineiro de Gestão das Águas], DER [Departamento de Estradas e Rodagem], Marinha do Brasil, Prefeitura de Capitólio, Crea [ Conselho Regional de Engenharia e Agronomia], dentre outros.

Um grupo de peritos da Polícia Civil de Minas Gerais com a utilização de apoio aéreo também esteve presente na região e realizou os trabalhos técnicos, os quais encontram-se em fase de conclusão e serão juntados ao inquérito policial, tão breve findados", detalhou.


Momento em que a rocha caiu em cima das duas lanchas deixando dez mortos


Diante do vasto material para apuração do caso, o delegado fez o pedido de 30 dias para concluir o inquérito.

"Diante da complexidade dos fatos e da necessidade de aguardar os laudos, bem como de esmiuçar a vasta documentação angariada, a Polícia Civil pleiteou a dilação de prazo por 30 dias perante o poder judiciário de Piumhi", pontuou o delegado.

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Desde o início as investigações, os trabalhos estão pautados na ciência e, por isso, polícia tem buscado apoio de especialistas, como mencionou o delegado. Várias instituições têm fornecido material de apoio para o inquérito policial.

"O foco não é procurar culpados e, sim, respostas para que se evite, se for possível, que outras placas caiam", ressaltou o delegado.

Marcos Pimenta afirmou que será investigado se houve alguma ação que provocou a aceleração da ruptura da rocha e, caso isso tenha ocorrido, ao fim do inquérito haverá indiciamento. Mas de acordo com ele, ainda é cedo para apontar eventuais responsabilidades.

Para a realização de análises das causas do acidente, segundo o delegado, a polícia entrou em contato com a Sociedade Brasileira de Geologia e também com professores da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), além de outros especialistas.

Queda da Rocha



Corpos foram lançados pelos ares

Era início da tarde do sábado (8 de janeiro). Um dia chuvoso na região Centro-Oeste de Minas, mas com intensa atividade turística na região do Mar de Minas. Nos cânions, em Capitólio, vários marinheiros de lanchas percorriam trechos paradisíacos com turistas a bordo.

Na região, a maioria dos passeios dura em média três horas até o regresso de todas as embarcações ao ponto de partida. No entanto, para a lancha nomeada de "Jesus", o regresso não aconteceu.

No dia da tragédia, ocupantes de uma lancha mais distante perceberam pedras rolando cânion abaixo, se assustaram quando rapidamente as pedras começaram a cair em maior volume e começaram então a gritar para que as lanchas posicionasse logo abaixo do cânion saíssem de lá.

Os gritos se tornaram imperceptíveis em meio ao barulho. Foi então que uma grande rocha se desprendeu de um cânion na horizontal e desabou sobre a água. Outras embarcações próximas conseguiram se afastar, ainda assim os ocupantes foram atingidos e tiveram apenas ferimentos.

Mas uma lancha chamada de "Jesus", no entanto, não teve a mesma sorte. Ela foi diretamente atingida pelo enorme paredão, que ainda sem causa identificada, caiu e matou as 10 vítimas.

Passageiros de lancha tentam avisar sobre desabamento de cânion em Capitólio, MG



Outras lanchas foram arremessadas longe pelo impacto das ondas

Desde o acidente, ocorrido entre 12h e 13h de sábado, o Corpo de Bombeiros e Marinha do Brasil, iniciaram as buscas pelas vítimas. Oito corpos foram localizados no mesmo dia do acidente, os dois últimos foram encontrados na segunda-feira (9).

Ao todo, 12 mergulhadores e 8 bombeiros trabalharam durante as buscas em Capitólio que seguiram sendo realizadas até terça-feira (11), quando foi definido, entre a Polícia Civil e os militares a suspensão das buscas pelos fragmentos.


Estudo sobre

segurança dos

cânions

Na última sexta-feira (4), o prefeito de Capitólio ,Cristiano Geraldo da Silva (PP), disse que um estudo sobre a segurança dos cânions estava previsto para começar nesta próxima segunda-feira (7) e que o trabalho faz parte do plano de ação "Reviva Capitólio – Viva o Mar de Minas", que está previsto para ser lançado na terça-feira (8), quando completa um mês da tragédia.

"No primeiro momento será feito o estudo nos cânions e depois abrangendo os demais pontos turísticos dentro do lago. O objetivo deste diagnóstico é um mapeamento de risco e a melhoria no planejamento e adequação das normas do turismo, principalmente, o turismo náutico da região", concluiu.

Veja mais: Estudo sobre segurança dos cânions devem começar na próxima segunda; plano de ação será lançado

Fonte: G1 Sul de Minas e Polícias Civil e Militar / Prefeituras e Bombeeiros

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