Produção de CoronaVac no Butantan — Foto: Jornal Nacional
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) analisa dois pedidos de uso emergencial de vacinas contra a Covid-19 no Brasil: a CoronaVac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, e a vacina de Oxford, desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca e pela Universidade de Oxford em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Em 10 tópicos, o raio X das duas vacinas:
- Tipos de vacina
- Eficácia
- Segurança
- Doses aplicadas
- Efeitos colaterais
- Disponibilidade de doses
- Produção no Brasil
- Armazenamento
- Status das vacinas no mundo
- Status na Organização Mundial da Saúde
1. Tipos de vacina
Há quatro tipos de vacinas que são estudadas atualmente para o novo coronavírus: a genética, a viral, a de proteína e a de vírus inativado. Cada uma delas tem uma forma diferente de induzir o sistema imunológico a se proteger da infecção pelo Sars-Cov-2. A CoronaVac usa o vírus inativado e a vacina de Oxford usa o vetor viral.
Vacina CoronaVac
Vacinas inativadas são compostas pelo vírus morto ou por partes dele. Esses vírus não conseguem nos deixar doentes, mas isso é suficiente para gerar uma resposta imune e criar no nosso organismo uma memória de como nos defender contra uma ameaça. A tecnologia é bastante tradicional e foi desenvolvida há cerca de 70 anos.
Infográfico mostra como funciona uma vacina de vírus inativado — Foto: Arte G1
"São utilizadas técnicas de laboratório que inativam o agente infeccioso, de modo que sua replicação se torne inviável. Mesmo assim, isso produz a reação imunológica desejada", explica a microbiologista Natalia Pasternak, presidente do Instituto Questão de Ciência.
Vacina de Oxford
O nome da vacina é ChAdOx1. Ela utiliza uma tecnologia conhecida como vetor viral recombinante. Ela é produzida a partir de uma versão enfraquecida de um adenovírus que causa resfriado em chimpanzés – e que não causa doença em humanos. A esse imunizante foi adicionado o material genético usado na produção da proteína "spike" do Sars-CoV-2 (a que ele usa para invadir células), induzindo os anticorpos.
Infográfico mostra como funciona uma vacina de vetor viral — Foto: Arte G1
2. Eficácia
Em dezembro, os dados da terceira fase da vacina de Oxford foram publicados na revista científica "The Lancet". Segundo o estudo, a vacina mostrou eficácia média de 70,4%, com até 90% de eficácia no grupo que tomou a dose menor.
No dia 12 de janeiro, o Instituto Butantan divulgou a eficácia da vacina CoronaVac: 50,38%. A taxa variou em outros países. Dados da Indonésia mostraram uma eficácia de 65,3% para a vacina.
Eficácia da CoronaVac — Foto: Arte G1
3. Segurança
As duas são seguras e têm capacidade de gerar uma resposta do sistema de defesa. Os estudos foram publicados na revista científica "The Lancet. Veja as publicações: vacina de Oxford e vacina CoronaVac.
4. Doses aplicadas
As duas vacinas usam duas doses.
Entretanto, em dezembro, especialistas britânicos disseram que a vacina de Oxford tem eficácia de 70% com 21 dias após a primeira dose. Isso significa que 7 a cada 10 pessoas vacinadas apenas com a primeira dose da vacina de Oxford ficam protegidas 21 dias depois. Quando a segunda dose é aplicada 12 semanas após a primeira, esse número pode chegar a 100%, diz a AstraZeneca.
Não há estudos sobre o uso de apenas uma dose da vacina CoronaVac. De acordo com o Instituto Butantan, entre a primeira e a segunda dose, deve haver um intervalo entre 14 e 28 dias.
Profissionais de saúde são vacinados com a CoronaVac, vacina contra a Covid-19 da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, em Istambul. A Turquia iniciou a vacinação em 14 de janeiro de 2021. — Foto: Emrah Gurel/AP
5. Efeitos colaterais
Não foram registrados efeitos adversos graves em nenhuma das duas vacinas. Os efeitos mais comuns foram dor no local da injeção, febre e dor de cabeça de intensidade leve ou moderada.
6. Disponibilidade de doses
Em um primeiro momento, a vacina de Oxford terá 2 milhões de doses, produzidas na Índia pelo Instituto Serum. Já a CoronaVac terá 6 milhões de doses, que foram produzidas pelo laboratório chinês Sinovac.
7. Produção no Brasil
O plano divulgado pelo ministro Eduardo Pazuello prevê 100,4 milhões de doses produzidas pela própria Fiocruz até julho. Mais 110 milhões produzidas também no Brasil de agosto a dezembro. Sobre a CoronaVac, o Ministério da Saúde anunciou a compra de 100 milhões de doses; 46 milhões deverão ser enviadas em quatro entregas até 30 de abril e mais 54 milhões até o fim do ano.
8. Armazenamento
Os dois imunizantes são os considerados "ideais" pelo Ministério da Saúde, já que podem ser armazenados entre 2 e 8ºC. Ou seja, podem ser guardados em geladeira comum.
Foto sem data divulgada em 23 de novembro mostra frasco da vacina da Universidade de Oxford contra a Covid-19. — Foto: John Cairns / University of Oxford / AFP
9. Status das vacinas no mundo
O Reino Unido já começou a imunização com a vacina de Oxford. Índia, Argentina e México liberaram o uso emergencial, mas ainda não começaram a vacinação.
10. Status na Organização Mundial da Saúde
As vacinas ainda não foram aprovadas pela OMS, mas a entidade diz que já começou a análise de dados.