Paranaense preso por tráfico de drogas na Tailândia telefona aos pais após dois meses: 'Pediu que mandasse uma Bíblia, para que pudesse refletir', diz advogado

Por Jornalista Alair de Almeida, Diretor e Editor do Jornal Região Sul em 05/05/2022 às 19:09:54

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'Pediu que mandasse uma Bíblia, para que pudesse refletir', diz advogado


Jordi Beffa foi preso em fevereiro e teve autorização para conversar com os pais, nesta quinta (5), por cinco minutos. Defesa acredita que avanço nas investigações pode ajudar a trazer o jovem ao Brasil. Polícia Federal prende suspeita de aliciar brasileiros presos na Tailândia

O paranaense Jordi Beffa, que foi preso suspeito de tráfico internacional de drogas na Tailândia, foi autorizado a conversar com os pais por telefone após mais de dois meses detido no país asiático, segundo o advogado Petrônio Cardoso.

De acordo com o advogado, a mãe do rapaz, Odete Beffa, disse que a conversa ocorreu às 4h desta quinta-feira (5) e que, apesar de durar cinco minutos, foi muito emocionante. O jovem, de 24 anos, foi preso em 14 de fevereiro.

"Ele relatou que está sendo muito bem tratado pelas autoridades tailandesas, que recebeu a carta da mãe. Pediu que ela mandasse a ele uma Bíblia, para que pudesse refletir sobre esse momento, e pediu também algumas orações", contou.

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Jordi e os pais, antes do jovem viajar para a Tailândia

Arquivo pessoal

Também nesta quinta-feira, a Polícia Federal (PF) fez uma operação, em Curitiba, para levantar mais informações sobre o caso. Na ocasião, prendeu a suspeita de aliciar Jordi e os outros dois brasileiros presos por tráfico internacional de drogas na Tailândia.

A defesa de Jordi, aqui no Brasil, disse acreditar que o avanço nas investigações pode ajudar a trazer o jovem de volta ao país.

"Ele relatou também [no telefonema] que há uma possibilidade de ser ouvido por um juiz na Tailândia na próxima semana", disse o advogado.

Jordi Vilsinski Beffa, de Apucarana, é um dos três brasileiros presos na Tailândia por suspeita de tráfico de drogas

Arquivo pessoal

Jordi está no presídio de Samut Prakan e ainda não passou por audiência na Justiça.

A família dele não teve condições de pagar um advogado para acompanhar o caso na Tailândia e tem contado com ajuda da embaixada brasileira no país para receber e mandar notícias.

Investigação

Câmeras do Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, registraram os outros dois brasileiros presos no mesmo dia que Jordi.

As imagens, divulgadas pela Polícia Federal, mostram a jovem e o outro homem preso caminhando pelo aeroporto, acompanhados de Camila Raposo Broca, que foi presa suspeita de aliciar o grupo.

A defesa de Jordi admite que ele pode ter sido cooptado pela suspeita presa nesta quinta.

Jordi não está nas imagens divulgadas pela PF e chegou em um voo diferente do casal que aparece com a suspeita de aliciamento.

"Essas investigações trazem um pouco de esperança para a família, de poder resgatar o filho na Tailândia, extraditar para o Brasil e fazer com que ele responda aqui no Brasil, na medida de sua participação, pelos crimes que cometeu e, quem sabe, aqui poder colaborar com as autoridades nessa investigação e ser beneficiado com uma pena mais branda", disse o advogado.

O advogado de Jordi afirma que o jovem não conhece os outros dois presos na Tailândia.

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O advogado de Mary Hellen Coelho Silva, Telêmaco Marrace, afirmou que a prisão da suspeita de aliciar os brasileiros "abre caminho para extradição". Leia mais sobre o que disse a defesa.

O advogado Vinícius Monteiro Schenfeld França, que defende Camila Raposo Broca, informou que defesa está apurando os autos de investigação e se manifestará ao longo do processo.

A RPC não conseguiu localizar a defesa de Ricardo Rosa até o fechamento desta reportagem.

O caso

Jordi e os outros dois brasileiros foram presos após serem flagrados com 15,5 quilos de cocaína nas bagagens, ao desembarcarem no aeroporto de Bangkok.

Desde o início do caso, a família do paranaense se mostrou preocupada e alegou que sequer sabia a respeito da viagem internacional. Os pais dele descobriram a prisão por mensagens que Jordi trocou com amigos.

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Em entrevista ao Fantástico, divulgada no dia 27 de fevereiro, a família disse que Jordi Beffa havia informado que iria para a praia.

"A mãe está em desespero total, o pai com o coração dilacerado nessa situação. No nosso entendimento houve uma cooptação desse jovem na venda de uma ilusão de uma viagem paradisíaca, em um país maravilhoso que é a Tailândia, com ganho de dinheiro fácil e rápido, e infelizmente trabalhou como mula para os verdadeiros traficantes", disse o advogado.

Quem é Jordi Beffa?

Jordi Vilsinski Beffa, de Apucarana, é um dos três brasileiros presos na Tailândia por suspeita de tráfico de drogas

Arquivo pessoal

O paranaense trabalhava com carteira assinada como operador de máquinas em uma fábrica de roupas e máscaras, em Apucarana, havia três anos. Ele pediu demissão do local três dias antes da viagem.

O advogado disse ainda que o jovem também terminou um namoro de quase um ano antes de viajar para a Tailândia.

Em entrevista à RPC, o advogado disse que acredita em uma condenação aproximada de 5 anos ao jovem, que é uma das penas mínimas.

Porém, conforme a defesa, só deve ser possível tentar trazê-lo de volta ao Brasil após o caso ser julgado, o que deve ocorrer em até dois anos, devido a processos represados na Tailândia, por causa da pandemia.

Família

Segundo o advogado, os pais dele, a mãe de 64 anos e o pai de 65 anos, não sabiam da viagem internacional, já que o jovem saiu de casa no dia 11, dizendo que viajaria para Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

Jordi avisou que havia sido detido por meio de áudio enviado a amigos. Em uma das mensagens, trocadas com amigos em áudio e texto, Jordi pediu que os amigos cuidassem da família dele, caso não consiga "voltar". Ouça o áudio, abaixo.

"Qualquer coisa, cuida dos meus aí. Tá bom. Obrigado, irmão. Abraço. Não vou sair dessa", disse.

Além de Jordi, os outros dois brasileiros presos na mesma data são a jovem Mary Hellen Coelho Silva, de 21 anos, moradora de Pouso Alegre (MG) e Ricardo de Almeida da Rosa, de 26 anos, que mora em Curitiba.

Brasileiro preso na Tailândia por tráfico de drogas manda áudio a amigos

O Itamaraty informou que, por meio da embaixada de Bangkok, acompanha a situação e presta assistência aos brasileiros.

Em uma das conversas, o brasileiro pediu que o amigo cuidasse da mãe dele e comentou não saber se vai conseguir voltar.

Jordi: "Cuida da minha mãe irmão. Eu peguei o celular aqui rápido".

Amigo: "Pode deixar irmão".

Jordi: "Mas não sei quanto tempo vou ficar".

Amigo: "Amo você".

Jordi: "Se um dia eu chegar voltar".

Jordi: "Cuida deles por mim. Amo você. Se cuida irmão".

'Cuida da minha mãe', escreveu brasileiro preso na Tailândia por tráfico de drogas a um amigo

Presos estão separados

Em um e-mail enviado à defesa da família, a embaixada brasileira na Tailândia informou que ele está detido no presídio de Samut Prakan, em condições adequadas de acordo com o padrão do país.

O texto diz ainda que, normalmente, os presos no país são autorizados a falar com familiares por meio de um aplicativo e que os familiares serão avisados quando for possível fazer contato, em horários autorizados pela polícia.

A família do paranaense informou que ele saiu de casa com somente uma mala e que esta mala citada não aparece nas imagens divulgadas pelas autoridades tailandesas, mas somente outra mala, que eles desconhecem a origem.

O advogado não sabe dizer se ele deixou a bagagem em algum local ou se as autoridades não fotografaram a mala vista pela família.

Cocaína estava escondida em compartimento oculto da bagagem dos brasileiros, segundo as autoridades tailandesas

Prisões

Primeiramente foram presos o homem, de 27 anos, e a jovem. Eles saíram de Curitiba e, após escalas, chegaram ao país.

A droga foi encontrada com o homem e a jovem após a equipe do aeroporto desconfiar de itens mostrados no raio X.

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Os funcionários da alfândega revistaram as três malas dos passageiros e encontraram 9 quilos de cocaína. A droga estava escondida em um compartimento oculto.

Horas depois, as autoridades prenderam o jovem de Apucarana. Ele chegou ao aeroporto em outro voo. Jordi Vilsinski Beffa foi preso após os agentes encontraram

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Fonte: G1 Sul de Minas e Polícias Civil e Militar

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