Segundo informações obtidas junto à PF, os militares, na condição de investigados, têm direito a comparecer ou não, e mesmo de permanecer em silêncio perante os investigadores. Mas o Comando-Geral não pode impedi-los de comparecer, caso queiram.
Na próxima sexta-feira (24) são esperados os depoimentos de policiais rodoviários federais envolvidos na operação. Ao todo, 28 foram intimados.
Agentes recuperaram armamentos e munições durante a ação em Varginha
InvestigaçõesAo todo, 22 policiais militares foram intimados para prestar depoimentos, dentre eles o Comandante do Bope à época dos fatos. A oitivas começariam na última segunda-feira (20), na Superintendência da PF, em Belo Horizonte.
O inquérito tramita na Justiça Federal de Varginha e apura se houve excesso na atuação de todos os policiais envolvidos. Eles seriam inquiridos na condição de investigados.
PF investiga operação que terminou com a morte de 26 suspeitos em Varginha
Armamento apreendido em Varginha com a morte dos 26 bandidos
Procurada para se posicionar, a Polícia Militar disse, na última segunda-feira (22), que, "conforme previsto no artigo 144, paragrafo 4º da Constituição Federal de 1.988, combinado com os artigos 7º,h e 9º do decreto Lei 1.002, de 1969 (Código de Processo Penal Militar Estadual) a apuração da conduta dos militares é de competência da Policia Judiciária Militar e não da Polícia Federal".
A PM não se posicionou de novo
desde então.
Policiais foram chamados de heróis
Na época, a Polícia Rodoviária Federal explicou que os confrontos com os homens teriam ocorrido em duas abordagens diferentes. Na primeira, os suspeitos atacaram as equipes da PRF e da PM, sendo que 18 criminosos morreram no local. Já numa segunda chácara foi encontrada outra parte da quadrilha e, neste local, após intensa troca de tiros, oito suspeitos morreram.
Suspeitos de quadrilha
de assalto a bancos se
dividiram em dois sítios
em Varginha
Um dos sítios em Varginha onde estavam acampados os bandidos mortos
A capitão Layla Brunnela, da PM, destacou, na época, o fato de nenhum militar ter morrido durante a operação. "Entraram em confronto com os nossos policiais militares e tiveram a resposta devida.
A gente quer evitar a todo momento confronto, não vamos aqui comemorar nenhuma morte, isso não é intenção da Polícia Militar de Minas Gerais nem da Polícia Rodoviária Federal, mas sim, uma ação precisa da nossa inteligência, trabalho conjunto da inteligência da PRF.
Ações como essa sempre serão pautadas pela legalidade, a gente só fez aqui responder à altura aquele risco que nossos policiais sofreram", disse.
Também na época, os policiais foram elogiados e chamados de heróis pelo governador Romeu Zema (Novo). Por outro lado, especialistas apontavam falta de transparência e cobravam investigação da conduta dos profissionais.
"Operação bem-sucedida é quando não morre ninguém, é quando você tem todo mundo preso, afinal, a gente não tem pena de morte no Brasil. O fato de essas pessoas serem criminosas não justifica a morte delas. Essa é uma das operações mais chocantes em razão dessa elevada letalidade", disse, por exemplo, pesquisadora do Crisp e professora da UFMG, Ludmila Ribeiro.
Parede de chácara alvo de operação ficou cravejada de tiros em Varginha
Durante as duas abordagens, foram recuperados explosivos, armas longas ponto 50 e 10 fuzis, além de outras armas, munições, granadas, coletes, miguelitos e 10 veículos roubados.
Seis meses após operação com 26 mortes em MG, investigações correm sob sigilo e autoridades não informam prazo para conclusão