Pesquisa confirma que cidades às margens da Fernão Dias têm maior índice de Covid-19

Por Marco Antônio Gomes de Carvalho em 07/11/2020 às 14:50:39
Dos mais de 35,7 mil casos confirmados na região, mais de 10 mil, o que representa 28% dos casos, se concentram nas 17 cidades às margens da rodovia. Pesquisa confirma que cidades às margens da Fernão Dias têm maior índice de Covid-19

Uma pesquisa coordenada pelo Instituto Federal do Sul de Minas confirmou o que as autoridades em saúde já desconfiavam. As cidades às margens da Fernão Dias são as que têm os maiores índices de Covid-19. Dos mais de 35,7 mil casos confirmados na região, mais de 10 mil, o que representa 28% dos casos, se concentram nas 17 cidades às margens da rodovia.

A Fernão Dias é uma das rodovias mais importantes e movimentadas do país. Dos 562 quilômetros de extensão, metade corta o Sul de Minas, desde Extrema até Santo Antônio do Amparo.

A principal ligação entre São Paulo e Belo Horizonte também se tornou um dos principais pontos críticos de disseminação da Covid-19 no Sul de Minas. A constatação foi feita por uma pesquisa que é desenvolvida por um grupo de pesquisadores de diversas instituições do país e que tem como coordenação, professores do campus de Poços de Caldas e do Instituto Federal do Sul de Minas.

Pouso Alegre lidera o ranking de casos e de mortes registradas no Sul de Minas. Por estar às margens da rodovia, a assessoria de comunicação da prefeitura alegou ser inviável criar barreiras sanitárias. Hoje a cidade tem 3.272 casos, dos quais 74 evoluíram para morte.

Pesquisa confirma que cidades às margens da Fernão Dias têm maior índice de Covid-19

Reprodução EPTV

Logo em seguida aparece a cidade de Extrema, na divisa com o Estado de São Paulo, A cidade já registrou mais de 2,6 mil casos e 28 mortes.

Dos mais de 35,7 mil casos confirmados no Sul de Minas, mais de 10 mil, o que representa 28% dos casos, se concentram nas 17 cidades às margens da Fernão Dias.

Das mais de 900 mortes registradas em todo o Sul de Minas, mais de 200 foram registradas nessas cidades cortadas pela rodovia.

"Na rodovia, os caminhoneiros, os carros, eles param em borracharias, hotéis, restaurantes e ao parar é que você consegue transmitir a doença e leva a doença para as cidades", disse o coordenador da pesquisa, Sérgio Henrique de Oliveira.

Em Camanducaia, cidade com pouco mais de 21 mil habitantes, que também fica às margens da Fernão Dias, onde fica o distrito turístico de Monte Verde, já foram registrados 590 casos de Covid-19, sendo que 11 pessoas morreram.

O prefeito da cidade afirma que medidas rígidas impediram que esses números fossem ainda maiores.

Pesquisa confirma que cidades às margens da Fernão Dias têm maior índice de Covid-19

Reprodução EPTV

"Em um dos momentos mais críticos, onde a gente via uma ocupação muito alta dos leitos de UTI na região, a gente adotou medidas mais rígidas, inclusive com a implantação de barreiras sanitárias, barreiras de restrição de acesso e estivemos muito próximos ao lockdown, naquele momento foi necessário devido à situação em que se encontrava a pandemia na nossa região como um todo e também em Camanducaia. Agora, à medida que o vírus foi perdendo força, que a gente vê uma queda no número de infectados em todo o Brasil, no nosso estado de Minas e também na nossa região, que os leitos estão mais vazios, disponíveis, a gente foi flexibilizando as atividades e hoje a gente está funcionando muito mais próximo da normalidade", disse o prefeito de Camanducaia, Edmar Cassalho Moreira Dias (MDB).

Ao analisar os números, sete meses após o início da pandemia, os especialistas dizem que a previsão feita pelo estudo de que rotas rodoviárias como a Fernão Dias seriam a porta de entrada da doença na região se concretizou.

"A gente tem cidades como Pouso Alegre, Extrema, Camanducaia, que quando a gente faz um cálculo das taxas do número de casos por habitantes, nós vemos que elas têm taxas semelhantes, são as cidades que mais tiveram casos, o que corrobora essa hipótese de migração pelas rotas rodoviárias", disse a infectologista Lívia Teixeira Vitale.

O coordenador da pesquisa afirma que no início da pandemia houve uma explosão de casos nessas cidades às margens da rodovia. Depois, houve uma etapa de interiorização da doença, quando os casos passaram a crescer mais nas cidades menores.

Mas agora, o professor alerta que os casos voltaram a subir justamente nessas cidades próximas à Fernão Dias.

"Agora os casos estão descendo de uma forma geral, mas eles passaram a se concentrar novamente no eixo rodoviário, o que liga um sinal de alerta novamente para a flexibilização e para o desmonte das barreiras que estão nessas rodovias", completou o coordenador da pesquisa.

VÍDEOS: Veja as últimas notícias do Sul de Minas

Veja mais notícias da região no G1 Sul de Minas
Comunicar erro
Fepi

Comentários

novato